"Não, não fiz qualquer progresso" durante a conversa, disse Trump aos jornalistas, acrescentando "não estar satisfeito" com o conflito, iniciado com a invasão russa da Ucrânia há quase três anos e meio.
Segundo o conselheiro diplomático de Putin, Yuri Ushakov, o Presidente russo garantiu hoje a Trump, que a Rússia "não desistirá dos objetivos" na Ucrânia, embora se mostre aberta a continuar as negociações com Kyiv.
"O nosso Presidente também afirmou que a Rússia continuará a prosseguir os seus objetivos, nomeadamente a eliminação das causas profundas bem conhecidas que conduziram à situação atual", disse aos jornalistas.
"E a Rússia não renunciará a esses objetivos", insistiu.
O Kremlin adiantou que Trump propôs a Putin um rápido fim das hostilidades na Ucrânia.
A sexta conversa telefónica entre Putin e Trump desde que o Presidente norte-americano regressou à Casa Branca, que durou cerca de uma hora, foi descrita como "franca" pelo conselheiro diplomático do Kremlin.
O líder russo "salientou a vontade da parte russa de prosseguir o processo de negociação" iniciado em Istambul, onde tiveram lugar duas sessões de negociações diretas entre a Rússia e a Ucrânia, com resultados escassos, afirmou Ushakov aos jornalistas.
Moscovo exige, nomeadamente, que a Ucrânia lhe ceda quatro regiões parcialmente ocupadas, além da Crimeia anexada em 2014, e que renuncie à integração na Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), condições que Kyiv considera "inaceitáveis".
Ao mesmo tempo, o Kremlin salientou que Putin e Trump não abordaram a cessação do fornecimento de certos tipos de armamento norte-americano à Ucrânia, anunciada esta semana por Washington.
Trump foi também confrontado com a travagem no envio de armamento para Kyiv, incluindo mísseis para defesa antiaérea, mas sem entrar em detalhes sobre os contactos em curso para reverter a decisão.
"Estamos a fornecer armas à Ucrânia. Estamos a trabalhar com eles para tentar ajudá-los", afirmou.
O ex-Presidente, Joe Biden, "esvaziou todo o nosso país dando-lhes armas, e temos de garantir que temos o suficiente para nós", justificou.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou na quarta-feira que Washington e Kyiv estão a "esclarecer" a ajuda militar norte-americana que ainda está a ser fornecida à Ucrânia.
"A Ucrânia e os Estados Unidos estão a esclarecer todos os pormenores relativos ao fornecimento de apoio à defesa, incluindo componentes de defesa aérea", disse Zelensky durante o seu discurso diário.
Por seu lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Andriy Sybiga, escreveu na rede social X que a Ucrânia está pronta a "comprar ou alugar" defesas antiaéreas para fazer face ao "grande número de drones, bombas e mísseis" lançados pela Rússia contra o país.
Sobre um possível cessar-fogo em Gaza, e depois de na terça-feira ter anunciado que Israel aceitou os termos propostos pelos mediadores, e intimado o Hamas a fazer o mesmo, Trump afirmou dar prioridade à "segurança" da população do enclave palestiniano.
"Quero especialmente que o povo de Gaza esteja em segurança. Passaram por um inferno", disse o Presidente norte-americano em resposta aos jornalistas que lhe perguntaram se ainda queria que os Estados Unidos assumissem o controlo do território palestiniano, como tinha anunciado em fevereiro.
Para pressionar por um cessar-fogo, Trump receberá na próxima semana na Casa Branca o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que ainda não confirmou a informação avançada pelo Presidente norte-americano acerca da aceitação dos termos de um cessar-fogo.
Sobre o Irão, Trump antecipou que a República Islâmica "quer falar" com Washington para pôr fim ao conflito com Israel e retomar as negociações nucleares.
"Estamos ambos exaustos, francamente, mas o Irão levou uma tareia. Penso que se querem reunir, e eu sei que querem. Se for necessário, assim o farei", acrescentou o Presidente norte-americano.
[Notícia atualizada às 06h19 do dia 4 de julho]
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