A justiça argentina, que investiga este caso desde 2022, acusou Fazio de "tráfico de pessoas sob a forma de escravidão", numa decisão proferida em 11 de junho e divulgada hoje pela agência Efe.
O mais recente arguido desde processo é o reverendo monsenhor Mariano Fazio, nascido em Buenos Aires em 1960, que exerce as funções de vigário auxiliar da Prelazia da Santa Cruz e do Opus Dei (Obra de Deus) em Roma.
É o braço direito do espanhol Fernando Ocáriz, líder supremo do grupo ultracatólico, e o primeiro na linha de sucessão.
Pelos mesmos crimes o tribunal indiciou os ex-vigários regionais Carlos Nannei (1991-2000), Patricio Olmos (2000-2010) e Víctor Urrestarazu (2014-2022), bem como Gabriel Dondo, ex-secretário responsável pela secção feminina do Opus Dei na Argentina.
A investigação judicial, iniciada em 2022, descreve o perfil de 43 mulheres em situação de vulnerabilidade económica que foram atraídas para a Obra quando tinham entre 12 e 16 anos, com a promessa de um lar e educação.
No entanto, a única instrução que receberam referia-se a tarefas domésticas como passar a ferro, cozinhar e limpar, trabalhos que realizaram durante décadas sem remuneração e a pedido de homens do Opus Dei, tanto na Argentina como noutros países.
De acordo com a acusação, a subjugação no trabalho era agravada por um regime de doutrinação e manipulação psicológica.
Uma das vítimas relatou ao juiz Daniel Rafecas que Carlos Nannei, que liderava as sessões de meditação, lhes disse que "abandonar a Obra foi como saltar do barco" e que "abandonar o barco foi uma morte súbita".
"Andei pela rua a pensar que não queria viver mais. Andei pela rua a pensar em como as pessoas podiam sorrir. Foi então que me encaminharam para um psiquiatra", contou a denunciante, uma das mulheres que precisava de estar totalmente disponível para uma série de tarefas domésticas.
Esta declaração, feita em 06 de maio pelo método câmara Gesell, permitiu aos procuradores Eduardo Taiano, María Alejandra Mángano e Marcelo Colombo alargar a acusação contra Fazio, que tinha sido inicialmente excluído da intimação para interrogatório, cuja data ainda não foi confirmada, segundo adiantaram fontes judiciais à Efe.
Fazio desempenhou funções de 2010 a 2014 como vigário regional do Opus Dei na Argentina, Paraguai e Bolívia. De 2014 a 2019, foi vigário-geral da prelazia e é atualmente vigário auxiliar, segundo na hierarquia geral.
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