França vai restringir condições de deslocação a "dignitários argelinos"

O ministro francês do Interior, Bruno Retailleau, está "a restringir" as condições de deslocação em França de "um certo número de dignitários argelinos", disse hoje a porta-voz do Governo francês, Sophie Primas.

French government cabinet meeting

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Lusa
23/07/2025 14:28 ‧ há 9 horas por Lusa

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Bruno Retailleau

A medida surge num momento de grave crise diplomática com a Argélia, após a recusa em readmitir no seu território 120 cidadãos sujeitos a uma "Obrigação de deixar o território francês" (OQTF, sigla em francês).

 

"Os dados de que dispomos indicam que 120 pessoas com OQTF, com os seus documentos em ordem (para regressar à Argélia), não foram aceites pelas autoridades argelinas", declarou Primas durante o resumo da reunião do Conselho de Ministros, sem especificar uma data.

Segundo o jornal francês Le Figaro, 53 argelinos expulsos foram devolvidos a França no período entre março e 22 de julho, incluindo quatro nos últimos dias, enquanto Bruno Retailleau renovava os apelos para endurecer a posição do país face a Argel.

Segundo Sophie Primas, "o ministro do Interior está cada vez mais determinado a tomar medidas mais firmes, nomeadamente em relação à diplomacia argelina", com a qual está "relação de força".

"É isso que está a fazer, particularmente em relação a um certo número de dignitários argelinos, cujas condições para se deslocarem em França serão agravadas e tornar-se-ão mais difíceis", sublinhou, referindo-se a altos funcionários do Governo e representantes diplomáticos da Argélia.

Além disso, a França exige a libertação do escritor franco-argelino Boualem Sansal, condenado a cinco anos de prisão por "atentado à unidade nacional", e do jornalista desportivo francês Christophe Gleizes, condenado a sete anos de prisão por 'apologia de terrorismo', de acordo com a porta-voz do Governo francês.

Bruno Retailleau voltou a criticar, numa entrevista na sexta-feira ao Le Figaro, as autoridades argelinas, acusando-as nomeadamente de emitirem passaportes a "clandestinos", e afirmou então a sua intenção de dificultar a circulação dos "membros da nomenclatura" responsáveis por "denegrir a França".

O líder dos Republicanos (direita tradicional) defendeu ainda que "a diplomacia dos bons sentimentos falhou", referindo-se ao Presidente francês, Emmanuel Macron, que o receberá na quinta-feira no Palácio do Eliseu, após uma fria troca de palavras entre ambos durante a reunião do Conselho de Ministros, segundo informações recolhidas pelo canal francês BFMTV junto de várias fontes concordantes.

Noutra entrevista publicada na terça-feira pela revista Valeurs Actuelles, Retailleau afirmou que "o macronismo terminará com Emmanuel Macron", numa alusão ao fim do seu mandato presidencial em 2027, o que provocou uma forte indignação do campo presidencial, que denunciou declarações "inaceitáveis".

Foi um ataque direto ao chefe de Estado francês, amplamente condenado pelo partido Renascimento (Renaissance, em francês) na rede social X, que considerou que "estas declarações são, mais uma vez, inaceitáveis para um ministro nomeado pelo Presidente da República num governo de coligação".

"Ser membro do governo sob a autoridade do Presidente da República é uma responsabilidade particularmente exigente, que não tolera nem provocações, nem pequenos cálculos políticos", escreveu o partido do Presidente.

Também a ministra da Educação Nacional, Élisabeth Borne, contestou a afirmação de Bruno Retailleau, defendendo que "o macronismo é uma ideologia e um partido político", apelando ao colega de Governo para que não "tente dividir a base comum" e com "respeito mútuo".

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