Uma mulher sul-coreana, que foi condenada por se ter defendido de um ataque sexual violento há mais de 60 anos, recebeu, esta quarta-feira, um pedido de desculpa por parte dos procuradores e a sua sentença poderá ser revertida.
Conta a BBC, que Choi Mal-ja foi condenada a 10 meses de prisão e dois anos de pena suspensa após ter mordido parte da língua do seu agressor enquanto era agredida sexualmente, em 1964. Na altura, tinha 18 anos.
Na altura, a sul-coreana relatou que havia sido atacada por um homem de 21 anos, que forçou a 'entrada' da língua na sua boca, tendo-a prendido no chão em Gimhae. Choi Mal-ja conseguiu escapar após morder cerca de 1,5 centímetros da língua do agressor.
O homem foi condenado a seis meses de prisão e dois anos de pena suspensa por invasão e intimidação. No entanto, nunca foi condenado por tentativa de violação.
Já Choi acabou por ter uma sentença mais pesada, uma vez que causou danos corporais ao homem. Em 1964, o tribunal afirmou que as suas ações tinham excedido os "limites razoáveis" de autodefesa.
A sul-coreana inspirou-se no movimento #MeToo e, durante anos, procurou justiça para que a sua sentença fosse revista e revertida.
Esta quarta-feira, começou o novo julgamento de Choi Mal-ja, onde os procuradores dirigiram um pedido de desculpas e pediram que o tribunal anulasse a sua condenação: "As nossas desculpas mais sinceras".
"Causámos dor e agonia indescritíveis a Choi Mal-ja, vítima de um crime sexual e que deveria ter sido protegida", referiu o procurador-chefe de Busan.
"Durante 61 anos, o estado fez-me viver como uma criminosa", disse Choi aos jornalistas à saída do tribunal, notando que espera que as gerações futuras possam viver uma vida feliz e livre de violência sexual.
E acrescentou: "Vencemos".
Para o dia 10 de setembro, ficou marcada uma audiência final, onde a sentença da sul-coreana deverá ser revertida.
Note-se que, desde 1964, o caso de Choi tem sido citado em livros de Direito na Coreia do Sul, como sendo um exemplo de um tribunal que não reconheceu a autodefesa após uma tentativa de agressão sexual.
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