"Condenamos veementemente a decisão do Presidente [Emmanuel] Macron de reconhecer um Estado palestiniano próximo de Telavive após o massacre de 07 de outubro", afirmou Netanyahu na rede social X, em referência ao ataque de 2023 em território israelita perpetrado pelo movimento islamita palestiniano apoiado pelo Irão.
"Tal medida premeia o terror e corre o risco de criar mais um agente iraniano, tal como Gaza se tornou", adiantou o primeiro-ministro israelita.
"Um Estado palestiniano nestas condições seria uma rampa de lançamento para aniquilar Israel --- não para viver em paz ao seu lado. Sejamos claros: os palestinianos não procuram um Estado ao lado de Israel; procuram um Estado em vez de Israel", sublinhou o líder conservador.
A França vai reconhecer o Estado da Palestina na Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova Iorque, em setembro, anunciou hoje o Presidente Emmanuel Macron.
"Fiel ao seu compromisso histórico com uma paz justa e duradoura no Médio Oriente, decidi que a França reconhecerá o Estado da Palestina. Farei o anúncio formal na Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro próximo", escreveu o chefe de Estado francês no X.
Macron afirma já ter manifestado ao Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, a sua "determinação em avançar".
Antes de Netanyahu, o vice-primeiro-ministro israelita, Yariv Levin, qualificou a posição de Macron de "decisão vergonhosa".
"É uma mancha negra na história francesa e uma instigação direta ao terrorismo" e significa que agora é "tempo de aplicar a soberania israelita" na Cisjordânia, território ocupado por Israel desde 1967, adiantou o também ministro da Justiça.
"A Terra de Israel pertence ao povo de Israel, e nem mesmo a declaração do Presidente Macron pode mudar isso", afirmou Levin numa mensagem no Telegram.
O vice-presidente da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Hussein al-Sheikh, saudou a intenção da França de reconhecer o Estado da Palestina, agradecendo a Macron.
"Esta posição reflete o compromisso da França com o direito internacional e o seu apoio aos direitos do povo palestiniano à autodeterminação e ao estabelecimento do nosso Estado independente", disse.
O ministro israelita da Diáspora e Combate ao Antissemitismo, Amichai Chikli, reagiu à decisão de Macron partilhando no X um vídeo recente que mostra a primeira-dama francesa, Brigitte Macron, aparentemente a esbofeteá-lo ao desembarcar no Vietname: "Esta é a resposta apropriada ao seu reconhecimento de um Estado palestiniano como recompensa ao terrorismo do Hamas", acrescentou.
Entre os países europeus, Eslovénia, Espanha, Irlanda e Noruega foram pioneiros no reconhecimento do Estado palestiniano, em 2024.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, reagiu quase de imediato ao anúncio de Macron.
"Celebro que a França se junte a Espanha e a outros países europeus no reconhecimento do Estado da Palestina. Juntos, devemos proteger aquilo que [Benjamin] Netanyahu (primeiro-ministro de Israel) está a tentar destruir", publicou Sánchez no X,.
Para o chefe do governo espanhol, "a solução de dois Estados é a única solução".
A fase mais recente do conflito israelo-palestiniano foi desencadeada pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023, no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1.200 pessoas e mais de duas centenas foram feitos reféns, de acordo com dados das autoridades israelitas.
A retaliação de Israel já causou mais de 59 mil mortos, sobretudo civis, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
Além disso, incluiu a imposição de um bloqueio de bens essenciais a Gaza, como alimentos, água potável, medicação e combustível.
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