Durante esta conferência copresidida pela França e a Arábia Saudita, que visa relançar a ideia de uma solução de dois Estados no Médio Oriente, "pela primeira vez os países árabes condenarão o Hamas e apelarão ao seu desarmamento, o que consagrará o seu isolamento definitivo", assegurou Jean-Noël Barrot numa entrevista ao semanário La Tribune Dimanche.
O ministro não especificou quais os países que pretendem juntar-se ao grupo de Estados europeus que já reconheceram o Estado da Palestina ou estão prestes a fazê-lo, que inclui a Espanha, Irlanda, Polónia, Suécia e França. Esta última será o primeiro país do G7 a fazê-lo na próxima Assembleia Geral da ONU.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, reiterou na sexta-feira que o reconhecimento por Londres deveria "inscrever-se num plano mais global", e Berlim afirmou não o considerar "a curto prazo".
Uma conferência ao mais alto nível sobre uma solução de dois Estados estava inicialmente prevista para junho, mas foi adiada devido à guerra entre o Irão e Israel. Uma primeira reunião a nível ministerial começa segunda-feira em Nova Iorque, antes de uma cimeira prevista para setembro.
"A perspetiva da existência de um Estado palestiniano nunca esteve tão ameaçada nem tão necessária", no contexto da "destruição da Faixa de Gaza, da colonização israelita desenfreada na Cisjordânia, que fragiliza a própria ideia de continuidade territorial, e da resignação da comunidade internacional", disse Jean-Noël Barrot.
"Pensar em obter um cessar-fogo duradouro e a libertação dos reféns do Hamas e a sua rendição, sem primeiro traçar uma perspetiva política, é ilusório", acrescentou.
Em Nova Iorque, "com a Arábia Saudita, um ator importante na região, apresentaremos uma visão comum para o 'pós-guerra', com vista a garantir a reconstrução, a segurança e a governação de Gaza e, assim, abrir caminho para a solução de dois Estados", afirmou.
"A nossa abordagem é perfeitamente compatível com a lógica dos acordos de Abraão" de 2020, quando o Bahrein, os Emirados Árabes Unidos, Marrocos e o Sudão estabelecerem relações formais com Israel, e "facilitará, quando chegar o momento, a conclusão de novos acordos promovidos pela administração americana", referiu.
Segundo uma contagem da agência AFP, pelo menos 142 dos 193 Estados-membros da ONU (incluindo a França) reconhecem agora o Estado palestiniano, proclamado pela liderança palestiniana no exílio em 1988.
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