Em comunicado divulgado nas redes sociais, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, criticou a UE e os países do bloco político-económico europeu por uma declaração que "impõe condições para negociações para as quais nem sequer foi convidada a participar".
Atacando o que descreve como um "coro liberal e 'mainstream' [dominante]", Viktor Órban rejeitou que seja uma "marioneta de [Vladimir] Putin".
O primeiro-ministro da Hungria, que foi o único a encontrar-se com o Presidente russo, Vladimir Putin, desde o início da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, considerou que a UE "devia seguir o exemplos da reunião entre os Estados Unidos da América [EUA] e a Rússia" e organizar um encontro com o Kremlin em Bruxelas para discutir o fim do conflito no território ucraniano.
Questionada sobre esta posição, a Comissão Europeia respondeu, através de um porta-voz, que "não é nada de novo" e recordou que só a união pode fazer valer a força da UE enquanto bloco comunitário.
A UE apoiou hoje a iniciativa do Presidente norte-americano para discutir com o homólogo russo uma solução para o conflito na Ucrânia, reiterando que uma "paz justa e duradoura" exclui "alterações de fronteiras pela força".
Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos países da UE, incluindo o português Paulo Rangel, reuniram-se na segunda-feira por videoconferência, numa iniciativa da alta representante para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Kaja Kallas, para discutir a iniciativa para a paz na Ucrânia lançada por Donald Trump.
A discussão ministerial teve lugar quatro dias antes de um encontro agendado entre Donald Trump e Vladimir Putin no Alasca, e depois de o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ter rejeitado a sugestão do Presidente norte-americano de que a solução para o conflito passaria por uma "troca de territórios".
Na declaração, divulgada após a reunião, os líderes da UE apoiaram os esforços de Trump para pôr fim à "guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia", frisando que "alcançar uma paz e segurança justas e duradouras" para Kiev "deve respeitar o direito internacional, incluindo os princípios da independência, soberania, integridade territorial e a proibição de alterações das fronteiras internacionais pela força".
"O povo ucraniano deve ter a liberdade de decidir o seu futuro. O caminho para a paz na Ucrânia não pode ser decidido sem a Ucrânia. Só pode haver negociações significativas no contexto de um cessar-fogo ou da redução das hostilidades", adiantaram.
A Hungria, como em anteriores posições da UE sobre o conflito na Ucrânia, não se associou à declaração de hoje.
Desde o anúncio da cimeira Trump-Putin, os países europeus têm multiplicado as trocas diplomáticas, esforçando-se por formar uma frente comum.
Num contexto em que os países europeus procuram evitar que Trump e Putin decidam entre si um entendimento prejudicial a Kiev, o chanceler alemão, Friedrich Merz, convidou na segunda-feira os Presidentes dos Estados Unidos e da Ucrânia, o secretário-geral da NATO e vários líderes europeus para uma reunião virtual na quarta-feira, dois dias antes da cimeira Trump-Putin.
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