Dodik foi destituído do cargo na quarta-feira passada pela Comissão Eleitoral Central (CIK), em Sarajevo, devido à sua condenação definitiva pelo Tribunal de Estado da Bósnia-Herzegovina por ter promulgado, em julho de 2023, duas leis que proibiam a aplicação no território da entidade sérvia --- ou seja, metade do país --- das decisões do Alto Representante Internacional, Christian Schmidt, decisão de que recorreu, anunciaram os seus advogados.
No entanto, em resposta ao pedido de comutação da pena apresentado por Milorad Dodik, uma multa substituiu a sua pena de prisão, anunciou o Tribunal da Bósnia-Herzegovina num comunicado.
Por outro lado, a inibição, durante seis anos, do exercício de cargos públicos mantém-se.
Milorad Dodik, de 66 anos, dirige desde 2006 a Republica Srpska (RS), alternando os mais altos cargos políticos, e rejeita a autoridade do Alto Representante Christian Schmidt - um político alemão que assumiu o cargo em agosto de 2021 - desde que este chegou à Bósnia, afirmando que ele é "ilegal" e "ilegítimo", porque a sua nomeação não foi validada pelo Conselho de Segurança da ONU.
A Bósnia está dividida em duas entidades autónomas, sérvia e croata-bósnia, unidas por um Governo central.
Dotado de poderes extraordinários que lhe permitem impor leis e até destituir responsáveis eleitos, o Alto Representante Internacional zela pelo respeito do acordo de paz de Dayton, assinado há quase 30 anos.
Milorad Dodik anunciou na quarta-feira passada a realização de um referendo sobre a sua política, em reação à decisão da Comissão Eleitoral do país de pôr fim ao seu mandato.
"Estou aqui e vou ficar aqui. Não tenho intenção de abandonar a Republika Srpska, nem de abandonar as funções que me foram atribuídas pelo povo", declarou Dodik à imprensa em Banja Luka (norte), capital da entidade sérvia-bósnia.
O Acordo de Paz de Dayton, que pôs fim a quatro anos de guerra civil interétnica com um balanço de cerca de 100.000 mortos no país balcânico, criou em 1995 a Bósnia-Herzegovina como uma república federal, com uma estrutura descentralizada e dividida em duas entidades: a "Federação da Bósnia-Herzegovina" (a entidade dos muçulmanos e croatas) e a Republika Srpska (a entidade dos sérvios da Bósnia).
Foi também acordada uma administração sob a tutela de um Alto Representante eleito pelo Conselho Europeu, um protetorado europeu que se mantém até hoje.
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