Um homem de 22 anos foi detido, em Santarém, por suspeitas de abusar sexualmente de uma criança de sete anos, numa escola do distrito, onde trabalhava há cinco meses, revelou a Polícia Judiciária (PJ), esta sexta-feira, num comunicado enviado ao Notícias ao Minuto.
De acordo com os inspetores, o crime ocorreu no passado dia 16 de junho, no decurso de uma atividade extracurricular, tendo a vítima sido constrangida a atos sexuais, que foram "parcialmente testemunhados por outras crianças".
Quando chegou a casa a menina revelou o que tinha acontecido à família que, por sua vez, se dirigiu à Guarda Nacional Republicana (GNR) para apresentar uma denúncia.
A PJ foi de imeditato ativada, vindo o suspeito a ser detido no mesmo dia.
O detido, que também exercia uma atividade ligada ao desporto e mantinha contactos com outras crianças, já foi, entretanto, presente a primeiro interrogatório judicial, tendo ficado sujeito a várias medidas de coação, entre elas: proibição de contacto com a vítima, proibição de funções que impliquem contactos com menores, proibição de contactos com crianças menores de 15 anos e obrigação de alteração do concelho de residência.
Recorde-se que, de acordo com a Human Rights Channel do Conselho da Europa, uma em cada cinco crianças é vítima de violência sexual no continente europeu.
Estas agressões vão desde contactos físicos inapropriados ao assédio sexual, ou mesmo à violação e à exploração para fins de prostituição e pornografia.
Em Portugal, de acordo com o assistente social e mediador familiar Jorge Neo Costa, do Grupo VITA "de uma forma geral, considera-se que podemos não estar perante um aumento do número de crimes sexuais cometidos contra crianças, mas sim a uma maior sensibilização e consciencialização da sociedade em relação ao tema".
"O facto de a comunicação social estar também cada vez mais atenta a esta problemática tem contribuído para que esta seja mais falada, contrariando o segredo e o silêncio que a caracterizam. Neste contexto, importa pensar sobre o que está realmente a ser feito no nosso país para prevenir as situações de violência sexual, que acompanhamento garante às vítimas e às suas famílias e, ainda, que intervenção existe com as pessoas que cometeram estes abusos ou pensam vir a cometer", disse Jorge Neo Costa, recentemente, em entrevista ao Notícias ao Minuto, no âmbito do lançamento do livro 'Podes Falar Comigo', que escreveu em parceria com o psicóloga e terapeuta familiar Rute Agulhas, também membro do grupo VITA - grupo de acompanhamento das situações de violência sexual contra crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja Católica em Portugal.
Neste livro, os profissionais revelaram que tipo de comportamentos a que os educadores e cuidadores devem estar atentos. Indicam também que crianças e jovens podem, eventualmente, ser mais propensos a este tipo de crimes. Mas não só.
Rute Agulhas e Jorge Neo Costa deixaram vários alertas. É essencial estar informado sobre o tema, "investir no conhecimento", e abordar esta problemática junto dos mais novos, "sem tabu". Porque falar de abusos sexuais, "não é falar de sexo", nem apenas dizer às crianças que não devem falar com estranhos. "É preciso dizer que podem sentir-se desconfortáveis com alguém que conheçam", uma vez que "a maior parte das situações de violência sexual ocorre no contexto intrafamiliar".
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