Um homem de 61 anos foi detido pelo crime de incêndio florestal, em Tondela, revelou a Polícia Judiciária (PJ), esta sexta-feira, num comunicado enviado ao Notícias ao Minuto.
De acordo com os inspetores, o crime ocorreu no passado dia 16 de junho, precisamente, na zona de Tondela.
O suspeito, com recurso a um pequeno maçarico, "provocou um incêndio num eucaliptal, inserido numa zona com vasta mancha florestal, e confinante com zonas urbanas", que só não adquiriu proporções mais gravosas, segundo a PJ, "pela rápida intervenção dos Bombeiros Voluntários de Tondela e Cabanas de Viriato".
Realçam ainda os inspetores que, nesse dia, "verificavam-se condições de risco muito elevadas de incêndio, com temperaturas a rondar os 40ºC e baixa humidade relativa, propícias a causar um incêndio de grandes dimensões".
O homem vai ser agora presente ao Tribunal Judicial de Viseu, a primeiro interrogatório judicial, para aplicação das medidas de coação tidas como adequadas.
Reforço de prevenção e cooperação
Portugal tem apresentado uma evolução significativa na luta contra os incêndios florestais, nos últimos anos, principalmente, após o devastador ano de 2017.
O país reforçou a cooperação, a prevenção e a investigação de forma multidisciplinar, uma estratégia que tem produzido resultados positivos e contribuído para uma redução significativa das ocorrências não investigadas.
Entre 2001 e 2017, 57% dos incêndios escaparam à investigação, mas nos últimos cinco anos, apenas 8,06% das ocorrências ficaram por apurar, segundo dados da Polícia Judiciária (PJ).
Uma das estratégias adotadas para combater os incêndios foi o reforço da videovigilância e a monitorização do território, por parte da Guarda Nacional Republicana (GNR).
Muitos dos incendiários "têm problemas de saúde mental e abuso de substâncias"
Os perfis dos incendiários em Portugal são variados, mas estudos revelam que muitos deles têm historial de problemas de saúde mental e abuso de substâncias.
A maioria é do sexo masculino, motivada por raiva, vingança ou problemas familiares. Além disso, 61% dos incendiários rurais estudados apresentam problemas de saúde mental e alcoolismo, segundo um estudo recente da investigadora e psicóloga forense Cristina Soeiro.
O verão é o período mais crítico para a ocorrência de incêndios, com as condições meteorológicas extremas a favorecerem a propagação das chamas.
No entanto, o número total de ignições diminuiu significativamente, e, em 2023, registaram-se 7.523 incêndios rurais, o valor mais baixo desde 2001.
Recorde-se que cerca de 50 concelhos de Faro, Bragança, Guarda, Vila Real, Viseu, Coimbra, Castelo Branco e Portalegre estão hoje em perigo máximo de incêndio rural, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
O IPMA colocou também vários concelhos de todos os distritos de Portugal continental em perigo muito elevado e elevado de incêndio.
De acordo com os cálculos do instituto, o perigo de incêndio vai manter-se elevado em alguns distritos, pelo menos, até ao fim de semana.
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