O primeiro-ministro, Luís Montenegro, revelou, esta quarta-feira, que o Executivo português pretende atingir um investimento de 3,5% do PIB em Defesa "nos próximos 10 anos", perspetiva que esperava poder "gerar o consenso" na cimeira da NATO, em Haia.
"Temos uma perspetiva de poder ter um investimento nos próximos 10 anos que, estimamos, possa gerar o consenso agora na cimeira, de se poder atingir 3,5% do PIB", disse, em declarações aos jornalistas, à margem da reunião da Aliança Atlântica.
O chefe do Governo assegurou, inclusive, que o Executivo acompanhará o "esforço" do investimento em Defesa, tendo assumido "o encargo de, este ano, atingir 2% do PIB".
"Assumimos já o encargo de, este ano, atingir 2% do nosso PIB em investimento na área da Defesa, um investimento que continuará nos próximos anos, dentro de um contexto de equilíbrio, que não porá em causa nem a nossa situação financeira, nem as nossas responsabilidades com todos os serviços públicos", garantiu.
Montenegro complementou, assim, que o Governo encara "esta nova etapa não como a assunção de maior despesa por si só, mas de maior investimento".
"Não queremos apenas gastar mais dinheiro, queremos investir mais na nossa indústria", por forma a gerar uma "repercussão económica", disse.
O primeiro-ministro sublinhou ainda que "Portugal está preparado para ser parte de uma cimeira que marca uma nova fase, que garante a unidade da Aliança Atlântica, que garanta a solidariedade entre a Europa, os Estados Unidos e o Canadá, [para assegurar] aos nossos cidadãos os direitos, liberdades e garantias".
Destacou também uma "nova ambição que sairá deste encontro no que toca à área da segurança e da Defesa, com vista a termos uma Aliança Atlântica com maior capacidade de dissuasão e de defesa do seu espaço territorial".
"Para esse efeito, todos teremos de fazer um esforço, e este é um marco significativo da assunção de uma corresponsabilidade de, nomeadamente, dentro da Europa, podermos acompanhar um nível de investimento compatível com os grandes desafios, para enfrentarmos as ameaças e assegurarmos aos cidadãos europeus, e aos portugueses, o cumprir da democracia, dos direitos fundamentais dos cidadãos, da possibilidade de continuarmos a ser uma nação soberana, com os nossos aliados a constituírem connosco um espaço de dissuasão de qualquer ameaça", resumiu.
Montenegro escusou-se a comentar se a pressão do presidente norte-americano, Donald Trump, teve influência na ambição de alcançar um investimento de 3,5% do PIB em Defesa, assim como se Portugal deve explicações ao Irão, no que diz respeito à autorização concedida "para 12 aviões reabastecedores utilizarem a Base das Lajes", nos Açores.
Recorde-se que o secretário-geral da NATO defendeu, esta quarta-feira, que "não há alternativa" a investir 5% do PIB na área da Defesa, ao mesmo tempo que apontou que os políticos "têm de fazer escolhas na escassez".
Reconheceu, contudo, que há nove países que apenas alcançarão os 2% de investimento do PIB em Defesa no final deste ano, e rejeitou que a recusa de Espanha em ir além desta percentagem coloque em causa a unidade da organização.
Os chefes de Estado e de Governo dos 32 países que compõem a NATO encontram-se em Haia para firmar um acordo de investimento para a próxima década, que deverá fixar o objetivo de dedicar 5% do PIB à Defesa - 3,5% de investimento direto e 1,5% em projetos civis que podem ter índole militar.
[Notícia atualizada às 09h44]
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