O primeiro-ministro, Luís Montenegro, justificou, esta segunda-feira, o aumento do investimento na Defesa, defendendo que, quando se investe nesta área, está também a investir-se "na dignidade das pessoas".
"Mesmo quando investimos em Defesa, estamos a investir na dignidade das pessoas", disse em declarações aos jornalistas à margem da IV Conferência Internacional sobre o Financiamento para o Desenvolvimento das Nações Unidas, em Sevilha, Espanha.
"Nós estamos a investir na Defesa para termos mais paz. Estamos a investir na Defesa para podermos dissuadir aqueles que no mundo colocam em ameaça, em crise, a vida humana. Nós estamos a investigar na Defesa para garantir que as democracias sobrevivem e se desenvolvem", acrescentou.
O primeiro-ministro sublinhou que o investimento na Defesa tem também como objetivo que os "cidadãos possam ter dignidade e acesso aos seus direitos, liberdades e garantias". "Em primeiro lugar os nossos, aqueles que vivem no nosso território, que vivem na nossa comunidade europeia, que vivem nos países que compõem a nossa aliança, mas também todos os outros", asseverou.
Na quinta-feira, no final de uma cimeira da NATO, o primeiro-ministro comprometeu-se a atingir os 2% do PIB em Defesa até ao final deste ano - o que, segundo as contas do Governo, obrigará a um reforço de investimento de cerca de mil milhões de euros.
Além desta meta, a cimeira da NATO acordou que os aliados devem investir 5% do PIB em despesas relacionadas com Defesa, dos quais 3,5% em gastos militares tradicionais (Forças Armadas, equipamento e treino) e 1,5% adicionais em investimentos como infraestruturas e indústria até 2035, com uma revisão intercalar em 2029.
Sublinhe-se que a conferência da ONU, que decorre em Sevilha até quinta-feira, pretende relançar a mobilização e aplicação de recursos destinados ao desenvolvimento, assim como a cooperação internacional no combate à pobreza, tendo os representantes de mais de 190 países das Nações Unidas subscrito esta segunda-feira, no arranque do encontro, o documento 'Compromisso de Sevilha', com uma série de compromissos e iniciativas para a próxima década.
Aos jornalistas, Montenegro defendeu que é "necessário investir no Estado Social", "estimular a criação de riqueza", "aliviar a carga fiscal" e "incentivar as pessoas a trabalhar e a fixar-se" em Portugal, mas, "na parte da cooperação, não se esquece das responsabilidades".
"O ano passado, por exemplo, nós aumentámos em cerca de 20% o valor que tínhamos para a área da cooperação e desenvolvimentos. Podemos também, sempre que a situação financeira do país o possibilitar, dar esse contributo. Temos dado muitos contribuídos, alguns dos quais até somos os primeiros", destacou.
Mais de 60 líderes mundiais estão na conferência de Sevilha sobre o financiamento para o desenvolvimento, que ocorre dez anos depois da anterior, na Etiópia, em 2015.
Entre os líderes confirmados em Sevilha estão a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, que será o anfitrião, ao lado do secretário-geral da ONU, António Guterres.
Passarão ainda por Sevilha, durante os quatro dias da conferência, os líderes das principais organizações financeiras internacionais, como o Banco Mundial ou o Fundo Monetário Internacional, responsáveis de agências e programas de apoio ao desenvolvimento, organismos e protagonistas do setor privado e Organizações Não-Governamentais (ONG).
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