"Smoking gun". Sócrates garante ter provas que "acusação é falsa"

José Sócrates presta declarações hoje, no Campus da Justiça, em Lisboa, onde se realiza a segunda sessão do julgamento da Operação Marquês, que conta com mais de 20 arguidos e 650 testemunhas.

José Sócrates

© Horacio Villalobos#Corbis/Getty Images

Natacha Nunes Costa
08/07/2025 11:04 ‧ há 7 horas por Natacha Nunes Costa

País

José Sócrates

José Sócrates já está a prestar declarações no Campus da Justiça, em Lisboa, onde decorre a segunda sessão do julgamento da Operação Marquês, que conta com mais de 20 arguidos e 650 testemunhas.

 

Segundo a CNN Portugal, que está a acompanhar o julgamento em tribunal, a intervenção do primeiro-ministro começou por uma nova troca (acessa) de palavras entre o antigo primeiro-ministro e a juíza que preside o coletivo de juízes, Susana Seca.

Após José Sócrates começar a fazer "a sua defesa" com o tema da Portugal Telecom (PT) e questionar a magistrada se concordava, esta esclarece: "Há uma coisa que o senhor desconhece é que não vamos entrar em diálogo".

Nessa altura, José Sócrates recorda Ricardo Salgado, mostrando-se solidário com o antigo banqueiro, diagnosticado com Alzheimer em 2021.

O antigo governante acusa de "covardia" um Estado que quer "julgar alguém que já não tem condições para se defender"."O que me espanta é o silêncio que vi nesta sala e não quero fazer parte dessa coligação [...] Quero que (Salgado) saiba que, nesse particular momento, senti-me próximo dele", salienta, antes de abordar as acusações de que agiu em torno dos interesses de Ricardo Salgado e do GES para tentar travar a OPA da SONAE à PT. 

"Como é que alguém que diz que um político que recebeu dinheiro para manipular a decisão da PT não demonstra provas, não existem [...] Eu vou apresentar provas de que esta acusação é falsa", garante, acabando por se exaltar.

"A Caixa fez uma reunião do seu Conselho de Administração antes de votar [...] Essa decisão de votar contra a OPA da Sonae é uma decisão do conselho de administração", onde, assegura, estiveram presentes vários membros, incluindo Armando Vara.

"Este conjunto de pessoas discutiu e decidiu votar contra a OPA da Sonae [...] Na ata é visível que a Caixa Geral de Depósitos fez a sua própria avaliação: numa perspetiva de preço considerou que o que foi oferecido estava a baixo do que era considerado adequado e, ofertas posteriores, também se encontravam no seu limite inferior", atira, questionado se todos os nomes do Conselho de Administração foram votar contra a OPA instruídos por si.

"Todas estas pessoas, muitos insuspeitos de terem preferência pelo PS, estas pessoas votaram a favor da oposição à OPA", afirma ainda.

Juíza pede resumo e fala em "perda de tempo"

Segundo a CNN Portugal, José Sócrates acabou mesmo por citar uma série de testemunhos de membros do Conselho de Administração da Caixa-Geral de Depósitos quando foram interrogados sobre este tema em Comissão de Inquérito Parlamentar. "Foi perguntado a cada um destes se, em algum momento, foram condicionados ou pressionados pelo Governo - e todos eles responderam que não era verdade", diz, realçando que tem na sua posse essa mesma "prova testemunhal".

Nessa altura, a juíza tenta interrompê-lo, pedindo que faça um resumo desses testemunhos, mas Sócrates força. "Deixe-me acabar [...]. Se não se importa deixe-me acabar. Quero dirigir-me como preferir e vou usar a forma como achar mais conveniente", avança.

Ao que a juíza Susana Seca interrompe: "Para abreviar, gostava que percebesse a perspectiva dos tribunais [...] Estas pessoas vem cá ou não confirmar o que está a dizer? Se disser que vêm cá, não é preciso estar a dizer o que elas vêm cá fazer". 

"As declarações dos arguidos têm regras", continua a magistrada. "Se for ler todos os depoimentos prestados em instrução, não saímos daqui [...]. O senhor José Sócrates está a extremar a forma como os trabalhos estão a ser conduzidos e a perder tempo, essa parte é inútil" porque "está no processo".

"Smoking gun"

Entretanto, Sócrates apresenta ao tribunal um documento, que descreve como uma "smoking gun" ["arma acabada de disparar", em tradução literal, que é um termo que se refere a um objeto ou facto que serve como prova conclusiva de algo].

Segundo a CNN Portugal, trata-se de um despacho do secretário de Estado das finanças da altura, Carlos Costa Pina, confirmando a posição de abstenção do Governo relativamente à matéria da OPA à PT.

O Ministério Público (MP) "fez inúmeras buscas, foi a todo o lado e escondeu isto". "Se o MP baseia toda a acusação na intenção do Governo de se opor à OPA da Sonae, então o Governo não faria três dias antes por escrito uma exposição tão clara", assegura, acrescentando que "isto desmente o MP.

Leia Também: "Os tribunais portugueses não me querem deixar recorrer. É um abuso"

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