"As coisas não estão a correr bem. O SNS está com dificuldades. E quando o SNS está com dificuldade e chega a este nível crítico de dificuldades, aquilo que se impõe é, em primeiro lugar, encontrar soluções", afirmou Carlos Cortes.
O bastonário falava aos jornalistas após encontrar-se com o presidente da administração da unidade local de saúde (ULS) Santa Maria, Carlos Martins, nas instalações daquela unidade hospitalar, em Lisboa, e visitar os respetivos serviços de Dermatologia e Ortopedia.
"Não chegam apenas as soluções. É preciso ter coragem para as implementar. E, do meu ponto de vista, a situação hoje é uma situação de linha vermelha", sublinhou.
Aos jornalistas, Carlos Cortes disse temer que no futuro aconteçam, "cada vez mais, situações dramáticas", se não houver uma intervenção "eficaz, rápida e corajosa", da parte do Governo.
"Já estou um pouco cansado e penso que todos os portugueses estão cansados de ouvir falar em soluções. Elas são importantes, mas aquilo que é verdadeiramente importante é implementá-las, é concretizá-las, para as coisas mudarem", sustentou.
O responsável apelou ainda à Direção Executiva do SNS (DE-SNS) para que cumpra "o seu papel de articulação e coordenação" do SNS.
"Eu julgo que a criação da DE-SNS foi (...) para coordenar o SNS. Aliás, perdeu-se um pouco, esta designação inicial do CEO do SNS. Essa designação desapareceu e eu queria que, efetivamente, a Direção Executiva cumprisse com esse papel, que é absolutamente estratégico para o país: coordenação dentro do SNS", referiu.
O bastonário considerou que a DE-SNS "devia fazer o seu trabalho de forma muito diferente" e que decisivo "ter os instrumentos adequados para poder ajudar a resolver estas situações".
Carlos Cortes lembrou que o SNS tem de ter uma "capacidade competitiva" e que tem de "saber captar os médicos que estão disponíveis".
"Estamos em 2025, não estamos em 1979, quando [o SNS] foi criado, quando a resposta em saúde em Portugal era do SNS e havia pouco mais à sua volta. Hoje à competição. Há competição do setor privado. Também há competição do estrangeiro, que vem a Portugal recrutar médicos para os seus sistemas de saúde, para os seus hospitais privados e públicos", observou.
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