Os incêndios continuam a lavrar no continente português, com os fogos em Vila Real e Ponte da Barca, principalmente, a preocuparem as autoridades.
Para tentar combater a propagação das chamas e evitar a criação de novos focos, o Governo decidiu declarar "situação de alerta em todo o território continental" devido às "temperaturas muito altas" que aumentam o risco de incêndio.
A situação de alerta entrou em vigor à meia noite e vai estender-se até quinta-feira, dia 7 de agosto.
Em declarações no Palácio de São Bento, a ministra da Administração Interna Maria Lúcia Amaral deixou o alerta de que "a próxima semana será difícil" e pediu aos portugueses que "respeitem as indicações e as orientações das autoridades competentes; que respeitem as proibições e evitem quaisquer práticas que possam provocar incêndios".
Autoridades vão estar em maior "prontidão" e "mobilização"
A situação de alerta implica, resumidamente, um aumento do grau de prontidão e de mobilização de todas as autoridades (Guarda Nacional, Republicana, Polícia de Segurança Pública, Bombeiros Sapadores) e ainda das equipas de emergência médica e de saúde pública.
Leva à "elevação do grau de prontidão e resposta operacional por parte da Guarda Nacional Republicana (GNR) e da Polícia de Segurança Pública (PSP), com reforço de meios para operações de vigilância, fiscalização, patrulhamentos dissuasores de comportamentos e de apoio geral às operações de proteção e socorro que possam vir a ser desencadeadas, considerando-se para o efeito autorizada a interrupção da licença de férias e a suspensão de folgas e períodos de descanso", disse a tutela num comunicado enviado às redações.
A declaração de alerta traz também "um conjunto de medidas de caráter excecional", que compreendem diversas proibições. Nomeadamente, proibição de acesso, circulação e permanência no interior dos espaços florestais, proibição de queimadas e queimas (mesmo as que já estavam autorizadas), proibição de trabalhos em espaços florestais e espaços rurais com recurso a maquinaria e proibição de uso de fogo de artifício e artefatos pirotécnicos (mesmo os já autorizados).
Monumentos em Sintra encerram devido à situação de alerta
No seguimento do anúncio do Governo, a Câmara Municipal de Sintra decidiu encerrar alguns dos monumentos e dos seus perímetros florestais para "acautelar a sua proteção, manutenção e conservação".
Num comunicado enviado às redações a autarquia de Sintra informou que o Parque e Palácio Nacional da Pena, o Convento dos Capuchos, o Parque e Palácio de Monserrate, o Castelo dos Mouros e a Quinta da Regaleira vão estar encerrados até quinta-feira, inclusive. Apenas o Palácio Nacional de Sintra e o Palácio Nacional de Queluz permanecem abertos nos próximos dias.
"Durante este período continuam a poder circular: veículos de socorro, emergência e das entidades integrantes do Sistema Municipal de Proteção Civil, residentes e pessoas que aí exerçam atividade profissional ou que prestem assistência a pessoas vulneráveis", acrescentou a nota.
“Mais vale prevenir do que remediar”, diz o Presidente da República
Já em reação ao anúncio do Governo, o Presidente da República garantiu que a decisão já vinha a ser considerada pelo Executivo ao longo desta semana e assegurou que foi previamente avisado de que o alerta ia ser declarado.
Durante a visita à ilha da Graciosa, Açores, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu a ativação da situação de alerta, considerando que "faz sentido" porque, "havendo tempo", mais vale "prevenir do que remediar". E acrescentou que "ninguém pode dizer que não foi prevenido" para este "período que se prevê que seja muito difícil".
Sobre ajudas externas para o combate aos incêndios, o Chefe de Estado considerou que é preciso "esperar para ver como evoluem" os incêndios para avaliar essa necessidade. E explicou que a cautela que pediu, na quinta-feira, em relação a pedidos de ativação do Mecanismo Europeu de Proteção Civil dizia respeito ao momento das suas declarações e não a situações futuras.
Líder da Iniciativa Liberal critica decisão tardia do Governo
Dentro da esfera política, a presidente da Iniciativa Liberal (IL) foi a única líder a reagir à declaração do Governo. Mariana Leitão considerou, este sábado, que a situação de alerta por causa dos incêndios "vem tarde" e já devia ter sido declarada há mais tempo.
“Quando temos o país já na situação em que está há mais de uma semana, parece que vem tarde", afirmou Mariana Leitão aos jornalistas, à margem da apresentação dos cabeças de lista autárquicos em Mafra.
A liberal considerou ainda que é preciso uma “ação concreta e que tenha resultados concretos” para resolver um problema que acontece “ano após ano”.
"No ano passado, tivemos uma situação semelhante e o máximo que conseguimos ver a ser feito foi a criação de uma comissão na Assembleia da República para ainda ir estudar o assunto", criticou.
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