Federação de dadores de sangue critica oferta de estadias a jovens

A federação de dadores de sangue criticou hoje o Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) por lançar campanhas para jovens com estadias gratuitas, enquanto ignora dadores regulares e nega direitos como a dispensa no dia da dádiva.

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© Sergei Karpukhin\TASS via Getty Images

Lusa
07/08/2025 17:17 ‧ há 2 horas por Lusa

País

IPST

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Federação Portuguesa de Dadores Benévolos de Sangue (Fepodabes), Alberto Mota, disse que o IPST lançou uma campanha para promoção da dádiva de sangue nas redes sociais do "Cartão Jovem" em que oferece uma estada nas Pousadas da Juventude.

 

"Se tens entre 18 e 30 anos e doares sangue (...) entre os dias 11 e 16 de agosto oferecemos-te uma noite das Pousadas de Juventude. Vais estar a ajudar a salvar vidas e ainda podes viver uma nova experiência", lê-se na publicação, que merece críticas da federação.

Para Alberto Mota, o IPST tem "dois pesos e duas medidas" ao privilegiar os mais jovens com incentivos materiais enquanto os dadores regulares continuam sem reconhecimento efetivo.

"Uma dádiva é considerada voluntária e não remunerada se a pessoa em causa der sangue, plasma ou componentes celulares de livre vontade e não receber nenhuma remuneração sob a forma de dinheiro ou sob outra forma que possa ser considerada uma substituição de dinheiro", defende.

Por isso, Alberto Mota disse não aceitar que o IPST tenha essa atitude perante um direito que foi retirado aos dadores de sangue em 2011, o direito ao dia da dádiva.

Lamentou que o IPST, responsável por cerca de 65% das colheitas de sangue em Portugal, continue "sem qualquer estratégia para aumentar as reservas de sangue e tornar dadores regulares".

"Temos dito muitas vezes: o IPST já não tem estratégia nenhuma sobre a dádiva de sangue no país e afasta-se, cada vez mais, do movimento associativo, dos hospitais, de toda a gente", sustentou.

A federação recordou a petição, assinada por cerca de 7.600 cidadãos, entregue na Assembleia da República para restabelecer o direito à dispensa de serviço no dia da dádiva de sangue, um direito que, adiantou, o IPST disse desconhecer na comissão parlamentar da Saúde.

"A presidente [do IPST] até foi dizer que desconhecia que [o direito ao dia] alguma vez tenha existido. E é falso, porque toda a gente sabe que até 2011 houve este direito", que foi retirado após a entrada da 'troika', disse Alberto Mota.

O responsável alertou para a importância de repor este direito para que as pessoas "pudessem a qualquer hora do dia se deslocar" a um serviço para fazer a sua dádiva de sangue, perante a escassez de profissionais de saúde no instituto e de postos de colheita no país.

No seu entender, a promoção que o IPST está a fazer junto dos jovens é para dividir os dadores de sangue em "os de primeira e os de segunda" classe.

Observou que os militares da GNR têm direito ao dia, na Madeira também existe esse direito. "No continente, os dadores são de segunda classe. E agora, o Instituto volta, outra vez, a cometer este erro".

No seu entender, está na altura do IPST "se acalmar" e "chamar quem tem o devido valor do movimento voluntário e os hospitais, para se montar uma estratégia" e não se andar "a apagar fogos pontualmente, como tem existido".

A agência Lusa contactou o IPST, mas ainda não foi possível obter resposta.

Leia Também: "Não pode parar". IPST apela à doação de sangue para manter reservas

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