Luís Montenegro falava na intervenção inicial da apresentação do programa do XXV Governo Constitucional, que será debatido entre hoje e quarta-feira no parlamento.
"Este Governo está aqui para cumprir a legislatura de quatro anos. Todos sabemos, e o povo que assim decidiu também sabe, que a legislatura só não terá essa duração se os dois maiores partidos da oposição assumirem entre si uma coligação deliberada, ativa e cúmplice politicamente", defendeu.
Na sua intervenção, Montenegro procurou responsabilizar quer o Governo quer as oposições pela estabilidade política, reafirmando uma ideia já expressa na tomada de posse.
"A estabilidade política é uma tarefa de todos. É um bem comum a proteger tanto pela maioria que apoia o Governo como pelas diferentes oposições", disse, considerando que, se prevalecer a maturidade política, a XVII legislatura será de "diálogo construtivo, com um espírito patriótico de convergência para salvaguarda do interesse das pessoas e do país".
O primeiro-ministro começou a sua intervenção por felicitar os 230 deputados eleitos e a expressiva reeleição do presidente do parlamento, o social-democrata José Pedro Aguiar-Branco.
"De forma inequívoca, o povo decidiu com o voto que é este o Governo que quer e não outro. E que é esta a essência do programa de governação que quer e não outra", disse, voltando a realçar "a maioria maior" que a AD (coligação PSD/CDS-PP) obteve nas eleições de 18 de maio.
Para Montenegro, o reforço eleitoral e a maior diferença face à segunda força parlamentar -- o Chega -- "reforça a legitimidade e a responsabilidade" para o Governo executar o seu programa nos próximos quatro anos, prometendo fazê-lo "sem qualquer arrogância e com humildade democrática e motivação para o diálogo construtivo"
"Evidência disso mesmo é a integração neste Programa de Governo de 80 medidas oriundas dos programas eleitorais dos vários partidos com assento parlamentar", considerou.
No entanto, avisou que, para que o resultado desse diálogo "seja produtivo", "cabe às oposições corresponder com igual humildade, espírito de diálogo e coragem para colaborar nas reformas que resolvam os problemas concretos dos portugueses".
"Dito de outra forma, ao Governo cabe executar o programa escolhido pelo povo, com espírito leal de diálogo e compromisso com as oposições. Às oposições caberá demonstrar sentido de Estado e de responsabilidade e genuína disponibilidade de negociação leal e construtiva com o Governo", disse.
Para o primeiro-ministro, no final da legislatura, "o Governo será avaliado pelo seu trabalho e as oposições pela consequência da postura evidenciada e pelas suas alternativas".
[Notícia atualizada às 11h09]
Leia Também: AO MINUTO: "O povo decidiu que é este o Governo que quer e não outro"