"Eu hoje quis deixar um alerta para o primeiro-ministro, que não é nenhuma ameaça, é um alerta. Esta é uma das áreas cruciais para nós. Tal como o combate à corrupção e à subsidiodependência, nós não brincaremos com a saúde dos portugueses", afirmou, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.
Durante o debate do programa do executivo, o líder do Chega deixou um recado: "Ou o Governo muda na saúde, ou o Governo faz alguma coisa pela saúde de quem cá está e não de quem vem para cá, ou nós não toleraremos muito tempo este Governo de Portugal".
Falando aos jornalistas algumas horas mais tarde, André Ventura disse que "se o Governo continuar a brincar com a saúde dos portugueses, arcará as consequências políticas dessa brincadeira".
"E essas consequências podem ser a retirada do apoio político e a manifestação contrária ao apoio político na Assembleia da República", acrescentou, não respondendo diretamente se isso implica a apresentação de uma moção de censura ao Governo.
O líder do Chega reiterou que não vai viabilizar a moção de rejeição do programa do executivo, apresentada pelo PCP.
André Ventura assinalou que o anterior executivo, também liderado por Luís Montenegro, "disse que tinha um plano de 60 dias para a saúde" e espera que em igual período "mostre resultados concretos", nomeadamente evitando o encerramento de urgências.
"Foi o Governo que se impôs prazos a si próprios. O que nós temos que dizer com franqueza é que há matérias que estão, digamos assim, a esgotar a nossa paciência", salientou.
André Ventura indicou que o Chega não será "uma força de bloqueio" e "está disponível a trabalhar nestas matérias e a provar o que for preciso nestas matérias", afirmando que o Governo só não o fará se não tiver "vontade política".
"O que interessa é que o Governo faça e concretize. Infelizmente o Chega tem algumas dúvidas fundadas de que o Governo não quer ou não irá executar muitas das medidas" a que se propõe, defendeu, desvalorizando se essas propostas são "copiadas" de outros partidos.
Nesta declaração, André Ventura criticou também o PS, considerando que "é um partido defunto e a definhar a cada dia que passa".
"Eu acho que qualquer liderança do PS, seja a anterior, seja a anterior da anterior, olhará hoje para as intervenções do Partido Socialista no parlamento e pensarão onde é que está o Partido Socialista, a que está a definhar a cada dia que passa", acrescentou.
Leia Também: Ventura diz que país se transforma "pelos votos" e não com "violência"