José Luís Carneiro, secretário-geral do Partido Socialista, falou hoje aos jornalistas sobre o "anúncio surpresa" de Portugal na Cimeira da NATO sobre o aumento do investimento em Defesa para 2% do PIB este ano e 5% até 2035.
O líder socialista lembrou que esta percentagem representa um investimento de “1.300 milhões de euros”. Esse valor, defendeu, podia ser usado para “contribuir para desenvolver o nosso país, modernizar a economia, ajudar na coesão territorial", acrescentando que o país “tem outras capacidades e competências que podem ser integradas nesse esforço nacional e europeu para a Defesa”.
Assim, José Luís Carneiro considera que este “esforço deverá ser explicado pelo Governo”, tendo sido este o assunto da missiva que o Partido Socialista endereçou ao Governo liderado por Luís Montenegro.
“O primeiro-ministro deve explicar ao país como vai chegar a esse valor. Vamos aguardar pela explicação”, disse, afirmando-se disponível para trabalhar com o Governo.
“Estamos disponíveis para trabalhar num plano que tem de contribuir para o desenvolvimento do país. Estou convencido de que o Governo vai ser levado à conclusão de que tem mesmo de dialogar com o PS e julgo também que muitas outras estruturas da sociedade vão dizer ao Governo que tem de dialogar connosco”, sublinhou, enfatizando que “não se entende tomadas de decisão sem ouvir instâncias judiciais”, por exemplo.
Recorde-se que, segundo noticia hoje o jornal Público, o PS terá enviado uma carta na sexta-feira a Luís Montenegro, em que pede uma audiência formal para dar início a esse entendimento e critica o anúncio surpresa de Portugal na Cimeira da NATO sobre o aumento do investimento em Defesa para 2% do PIB este ano e 5% até 2035.
"Venho propor formalmente a abertura de um diálogo institucional entre o PSD e o PS, com vista à definição de uma plataforma de convergência parlamentar em matéria de Defesa Nacional, em particular no que respeita ao investimento estratégico", escreve José Luis Carneiro.
Na carta, o secretário-geral do PS refere que tal consenso "deverá assentar em princípios estruturantes, orientações estratégicas partilhadas e num conjunto de medidas concretas", que envolvam os setores da indústria, da ciência, da inovação, da educação e da administração pública.
José Luís Carneiro propõe a constituição de um grupo de trabalho parlamentar conjunto PSD/PS que, em articulação com o Governo e com representantes "dos setores com relevância para a matéria em apreço", possa apresentar, no prazo de três meses, uma proposta de Acordo Estratégico para um Plano de Desenvolvimento Nacional e de Capacitação da Defesa.
Esta proposta será depois submetida à apreciação da Assembleia da República, segundo José Luis Carneiro.
Carneiro defende ainda que decisões desta dimensão exigem consenso político alargado e apela à criação de um grupo de trabalho PS/PSD.
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