Esses são alguns dos temas anunciados para o programa Training Ground, que, em paralelo à competição com 80 filmes e à exibição de outras 170 obras, constitui a componente formativa do certame, cuja 21.ª edição arranca no sábado e se prolonga até 29 de junho, em diferentes salas da referida cidade do distrito de Aveiro e Área Metropolitana do Porto.
Fernando Vasquez, diretor do FEST, antecipou à Lusa que o Training Ground de 2025 deverá contar com cerca de 800 participantes de mais de 40 países, entre os quais um grupo de 50 estudantes canadianos dos cursos de cinema da Universidade da Colúmbia Britânica, e garante: "Será uma oportunidade para cineastas, profissionais e estudantes aprimorarem habilidades e partilharem experiências num ambiente acolhedor e inclusivo, que elimina 'zonas VIP'' e promove uma atmosfera de 'networking' acessível, onde todos podem interagir diretamente com grandes nomes da indústria, fazer perguntas e receber 'feedback' valioso".
Um dos oradores convidados para o efeito é o espanhol Lucas Ortiz Estefanell, especialista em cinema imersivo e realizador da curta-metragem documental "La Fenetre", em exibição na secção não-competitiva do festival. Na sua 'masterclass', vai abordar questões éticas relacionados com a aplicação de IA no cinema e a margem que deve ser deixada ao público para distinguir entre realidade e digital.
O britânico Martin Percy, vencedor de um BAFTA, um Emmy e vários Webby Awards pelo seu uso de IA, também vai analisar mecanismos de aprendizagem digital, mas focando-se em técnicas de cinema interativo, que é aquele em que o público pode decidir o destino de uma personagem.
Já o iraniano Kaveh Farnam, produtor do filme "There is no evil", que em 2020 foi um dos vencedores de Festival de Cinema de Berlim, trará a Espinho uma aula sobre formas de os cineastas contornarem os sistemas de censura em países dominados por regimes opressivos. "Este produtor é supercrítico da pena de morte e do regime iraniano, e tem uma visão valiosa enquanto defensor ativo dos diretos humanos e de projetos socialmente conscientes", realça Fernando Vasquez.
Também confirmada no Training Ground está a 'masterclass' de realização pelo filipino Brillante Mendoza, que Fernando Vasquez aponta como "um dos grandes nomes do cinema asiático atual", com o "estilo cru e realista" que lhe deu o prémio de melhor realizador no festival de Cannes de 2009, e ainda a aula de cinema de guerrilha pelo palestiniano Scandar Copti, que, já nomeado para um Óscar, vai ensinar a explorar num filme todo o potencial dos atores amadores.
"O luso-brasileiro Edison Alcaide, que já passou pelo FEST enquanto participante, volta agora ao festival como orador, para dar a conhecer o percurso que o levou ao protagonismo da série 'Suspect: The Shooting of Jean Charles De Menezes', da Disney+, onde interpreta o jovem eletricista assassinado por engano pela polícia de Londres quando estava a caminho do trabalho e o confundiram com um terrorista", revela Fernando Vasquez.
Outros formadores do FEST de 2025 são o francês Phillipe Rousselot, diretor de fotografia habituado a trabalhar com Tim Burton e responsável pela cinematografia de filmes como "Charlie e a fábrica de chocolate", "Larry Flint", "Ligações Perigosas" e "Entrevista com o Vampiro"; e o britânico Chris King, especialista em edição documental e autor da montagem dos documentários "Amy", "Senna" e "Banksy - Pinta a parede".
Portugal, por sua vez, far-se-á representar, entre outros oradores, pela atriz Helena Canhoto, que o diretor do FEST diz ser a primeira profissional nacional com a devida certificação para exercer o cargo de coordenadora de intimidade em produções audiovisuais.
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