Vítor, Sílvia e o filho Sérgio depositaram a camisola no memorial improvisado que os adeptos do Liverpool criaram junto ao estádio, juntamente com um ramo de flores, e depois escreveram uma mensagem no livro de condolências disponibilizado pelo clube inglês.
"Era o mínimo que podíamos fazer. Isto é mais do que futebol, não tem a ver com clubes", afirmou Vítor à Agência Lusa.
O português, natural de Espinho, vive numa localidade a cerca de 50 quilómetros de Manchester e, normalmente, apoia o Manchester United, além do Benfica.
Mas, a família sentiu que devia deslocar-se para prestar tributo ao português, tal como milhares de britânicos fizeram nos últimos dois dias.
"Se há coisas que os ingleses fazem é respeitar os seus heróis e o Diogo é um herói do Liverpool", reconheceu.
O português contou como foi um colega adepto dos 'reds' que lhe contou na quinta-feira, lágrimas nos olhos, que Diogo Jota e o irmão, André Silva, tinham morrido num acidente de viação.
A reação dos adeptos, que pouco depois começaram a depositar flores junto ao estádio, não surpreendeu estes emigrantes, que reconhecem o fervor dos apoiantes do clube rival.
"É inexplicável, mas no Liverpool sofrem como uma família e o Diogo era parte da família. Ele era um lutador, e eles gostam de jogadores com garra", acrescentou.
A camisola do Benfica juntou-se a dezenas de camisolas do Liverpool, mas também de outros clubes como o Everton, PSV Eindhoven e Wolverhampton deixadas no memorial improvisado junto ao estádio de Anfield, num sinal de solidariedade que ultrapassou a filiação clubística.
Num pequeno espaço relvado, milhares de pessoas foram deixando objetos, desde bandeiras e cachecóis, a ramos de flores, desenhos, fotografias, bonecos de peluche e até um comando de consola de jogos, uma referência ao entusiasmo de Jota pelos jogos de vídeo.
Também são visíveis várias camisolas da seleção nacional e bandeiras de Portugal.
Durante a tarde de hoje, o antigo jogador do Liverpool Jordan Henderson deslocou-se ao local e deixou um ramo de flores, ao qual enrolou um cachecol, permanecendo por alguns minutos em silêncio.
O clube vai manter até domingo o livro de condolências no estádio de Anfield em memória de Diogo Jota e André Silva, em paralelo com uma versão digital para as pessoas que não se possam deslocar.
Diogo Jota, de 28 anos, e o irmão André Silva, de 25, morreram na quinta-feira de madrugada, num acidente de viação na A52, em Cernadilla, Zamora, em Espanha.
O funeral está marcado para sábado, às 10:00, na Igreja Matriz de Gondomar, com missa presidida pelo bispo do Porto, D. Manuel Linda.
O avançado internacional português jogava no Liverpool, emblema que representava há cinco épocas e pelo qual venceu uma Liga inglesa, uma Taça de Inglaterra e duas Taças da Liga, sagrando-se ainda campeão do Championship, o segundo escalão inglês, com o Wolverhampton.
Depois da formação no Gondomar e no Paços de Ferreira, o avançado representou por uma época o FC Porto, por empréstimo do Atlético de Madrid, sendo depois cedido pelos espanhóis ao Wolverhampton, no qual esteve três temporadas.
Na principal seleção portuguesa, Diogo Jota somou 49 internacionalizações e 14 golos, tendo conquistado duas edições da Liga das Nações, a mais recente no mês passado, em Munique.
Leia Também: Villas-Boas: "Estávamos a tentar o regresso de Diogo Jota ao FC Porto"
Leia Também: Liga presta homenagem a Diogo Jota e André Silva antes do sorteio