O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, anunciou esta quinta-feira a não recondução de Mário Centeno no Banco de Portugal sem tecer quaisquer considerações sobre o ex-ministro das Finanças, preferindo apontar, antes, as qualidades do novo líder do banco central português.
"Agradecemos o exercício da função profissional [de Mário Centeno], respeitamos o exercício do seu mandato. Não vamos tecer considerações sobre o seu trabalho", afirmou Leitão Amaro.
"Escolhemos alguém que entendemos que é melhor para o cargo", acrescentou. "Serve melhor os objetivos que se pretendem para o banco central".
O ministro da Presidência, sublinhe-se, foi questionado pelos jornalistas sobre a decisão de não reconduzir o (ainda) governador do Banco de Portugal após o primeiro mandato, algo que é usual acontecer com o líder do banco central (dois mandatos). Leitão Amaro não respondeu a perguntas sobre o desempenho profissional de Mário Centeno, focando-se apenas na nomeação de Álvaro Santos Pereira, economista-chefe da OCDE e ex-ministro da Economia de Pedro Passos Coelho.
"Álvaro Santos Pereira é melhor escolha, por ser independente, não vem nem de dentro de um banco, nem vem de um governo", acrescentou Leitão Amaro, exacerbando o currículo "altamente reconhecido" do economista.
Álvaro Santos Pereira foi ministro da Economia e do Emprego de 2011 a 2013, no governo de Pedro Passos Coelho (PSD/CDS-PP), e é atualmente o economista-chefe da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
As tensões com Governo e auditoria à IGF
Mário Centeno vai deixar o Banco de Portugal após um mandato de cinco anos marcado, particularmente nos últimos meses, por algumas divergências com os governos liderados por Luís Montenegro.
Ao longo do mandato, foram vários os momentos de tensão entre o governador e o Governo, e, a dias da escolha do novo nome, o executivo decidiu pedir uma auditoria à Inspeção Geral de Finanças (IGF) sobre o processo de construção do novo edifício do Banco de Portugal na cidade de Lisboa.
A decisão surgiu depois de o jornal Observador ter noticiado na segunda-feira, 21 de julho, que o valor das futuras instalações nos terrenos da antiga Feira Popular, em Entrecampos, será superior aos 191,99 milhões de euros consagrados no contrato de compra e venda, celebrado em maio entre o Banco de Portugal e a Fidelidade. O valor ali definido refere-se apenas às obras estruturais, estimando o jornal que o custo total possa subir para 235 milhões de euros.
Ao anunciar a auditoria na terça-feira, 22 de julho, "em virtude das notícias sobre o novo edifício", o gabinete do ministro das Finanças disse que o faz "para defesa da instituição [o Banco de Portugal] e em total respeito pela sua independência".
[Notícia atualizada às 14h40]
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