Com o título "Adeus e Até Já", na última página do i, Nuno Tiago Pinto adianta que "em breve o i - Inevitável - terá um novo destino".
"Será reformulado, terá uma nova vida em formato de revista juntamente com o Nascer do Sol, com novos proprietários e uma nova direção que, tenho a certeza, lhe darão um novo rumo", prossegue o jornalista no dia em que o i cumpre 3.996 edições.
Nestes "breves quatro meses em que o meu nome esteve no cabeçalho, aprendi a admirar ainda mais o trabalho de todos os que fazem e fizeram: uma equipa incansável, determinada e unida, que vestiu a camisola como em nenhuma redação por onde passei", remata Nuno Tiago Pinto.
Este anúncio acontece depois de, em 17 de julho, a Media Capital ter informado da existência de negociações entre o grupo que detém a TVI e a sociedade de capital de risco que controla a Newsplex para a compra de uma posição maioritária na dona do Sol e i.
Com o título "i tudo levou o tempo", o diretor-adjunto, José Cabrita Saraiva dá conta no editorial que, "agora muito perto de atingir as 4.000 edições, o i chega ao fim da estrada - passando em breve ao formato de uma revista que será distribuída com o Nascer do Sol".
"Para quem fez parte da direção ao longo de 10 anos e se bateu sempre por fazer chegar às bancas as melhores edições que era possível, o fim do jornal tal como o conhecemos tem um sabor a derrota", diz o diretor-adjunto.
"É o falhanço de um projeto que envolveu anos de trabalho e de sacrifício de uma equipa excecional, que de forma generosa e abnegada deu o melhor de si em condições muito adversas", prossegue, apontando que, "além desse travo amargo pelo fim do projeto, há o pano de fundo da crise da imprensa e da leitura, que corresponde a uma crise civilizacional e de valores".
Porque "um jornal que desaparece é apenas o sintoma de um mundo em que triunfa quem grita mais alto, quem é mais extremado, quem diz a maior enormidade", sublinha o diretor-adjunto, que agradece a Mário Ramires, a Vítor Rainho, aos amigos e leitores.
De acordo com os dados que constam no portal da Transparência da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), a Newsplex é detida pela Sunny Media, Unipessoal Lda, em 98,2%, e os restantes 1,79% pertencem a Barod Ltd.
Por sua vez, a Sunny Media é controlada pelo fundo Alpac Alpac Capital España ETVE, que por sua vez é detida pela Alpac DWC LLC.
A Alpac DWC tem como acionistas Pedro Vargas Santos David, com 66,67%, e os restantes 33,33% estão nas mãos de Luís Santos.
O fundo Alpac Capital comprou em julho de 2022 a maioria do capital da Euronews e adquiriu os títulos Nascer do Sol e i.
"Pedro Vargas David e Luís Santos, da Alpac Capital, assinaram com Mário Ramires, atual proprietário, a compra dos jornais Nascer do Sol e i como contribuição para um Portugal mais livre, mais ambicioso e mais plural", referia um comunicado divulgado na altura.
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