"É a primeira aeronave que adquirimos, nos últimos 18 anos. E é a primeira aeronave de muitas outras que iremos introduzir e integrar na frota da LAM e fazer com que a nossa companhia aérea volte a ser o que deveria ser, o que precisa de ser e que será", disse, em conferência de imprensa, em Maputo, Dane Kondic, presidente comissão de gestão da companhia.
Trata-se de uma aeronave (Bombardier Q400) com capacidade para transportar até 74 passageiros, que está na capital da Etiópia há quase quatro meses, onde foi submetida a uma verificação de manutenção, devendo chegar a Maputo na quinta-feira, disse Kondic.
Segundo o responsável, o negócio foi concluído na segunda-feira e o título de propriedade da aeronave já está na posse da LAM.
"Esta é a primeira prova tangível do que a visão dos acionistas e do Governo conseguiu concretizar e do que esta equipa de gestão tem trabalhado incansavelmente para garantir o renascimento da nossa transportadora nacional", explicou.
Para Dane Kondic, uma LAM "forte e saudável" também significa que as pessoas estão empregadas, gastam dinheiro e têm comida na mesa, Por isso, a força da companhia aérea é também um "forte impulsionador" do desenvolvimento económico do país.
"Sinto-me muito orgulhoso, especialmente tendo em conta as circunstâncias difíceis que tivemos aqui com a companhia aérea, não apenas durante os nossos três ou quatro meses, mas ao longo dos últimos três ou quatro anos", afirmou, acrescentando que estas são provavelmente as melhores notícias da LAM nos últimos cinco anos.
A companhia aérea moçambicana enfrenta, há vários anos, problemas operacionais relacionados com uma frota reduzida e falta de investimentos, com registo de alguns incidentes, não fatais, associados por especialistas à deficiente manutenção das aeronaves, estando agora num profundo processo de reestruturação.
O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, disse em 28 de abril, que há "raposas e corruptos" dentro da LAM, com "conflitos de interesse" que impediram a restruturação da companhia nos primeiros 100 dias de governação.
A crise levou a companhia a deixar praticamente de realizar voos internacionais este ano, concentrando-se nas ligações internas, levando também a uma nova administração em maio e a acionistas, casos da Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB), Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) e Empresa Moçambicana de Seguros (Emose).
Para minimizar os recorrentes problemas com cancelamento de voos, a LAM vai comprar até cinco aviões Boeing 737-700 para fazer face à necessidade de melhoria operacional, num processo conduzido pela Knighthood Global, consultora contratada pelos novos acionistas para assessorar a reestruturação da companhia.
Entretanto, a LAM lançou também em 31 de julho um concurso para o aluguer de curta duração de cinco aeronaves.
O Instituto de Gestão das Participações do Estado (Igepe) moçambicano anunciou, em 13 de maio, o afastamento da administração da LAM e a nomeação de uma comissão de gestão presidida por Dane Kondic, de 60 anos, antigo diretor executivo da Air Serbia e ex-presidente do conselho de administração da portuguesa euroAtlantic.
Em média, a LAM tem atualmente um universo de 915 passageiros diários para destinos nacionais e regionais.
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