Gigante imobiliária chinesa altamente endividada faz acordo com credores

A endividada gigante imobiliária chinesa Country Garden anunciou um acordo com um grupo de credores bancários que controla quase metade (49%) da sua dívida fora do país ("offshore"), fundamental para o seu plano de reestruturação.

Country Garden

© Costfoto/NurPhoto via Getty Images

Lusa
19/08/2025 06:16 ‧ há 10 horas por Lusa

Economia

China

Para além deste acordo, a que foi a maior promotora imobiliária da China entre 2017 e 2022 conta já com o apoio de 77% dos detentores de obrigações para a proposta de reestruturação, avaliada em cerca de 14,1 mil milhões de dólares (12,1 mil milhões de euros), superando a margem habitual de três quartos dos votos necessários para levar adiante este tipo de iniciativas.

 

"A empresa (...) continua empenhada em concluir a reestruturação proposta antes do final de 2025", explicou a promotora num comunicado enviado na segunda-feira à noite à Bolsa de Hong Kong, onde está cotada.

Embora a Country Garden reconheça que o objetivo é "ambicioso" e assegure "não subestimar os desafios", considera-o "alcançável", se contar com o apoio dos credores.

As ações da construtora estavam a subir 4,21 % por volta das 11:00 locais (03:00 TMG).

O acordo surge quatro meses após um outro, assinado com outro importante grupo de detentores de obrigações, que controlavam quase um terço deste tipo de dívida, negociada em mercados estrangeiros.

A gigante imobiliária conseguiu no início de agosto um novo adiamento, desta vez até 5 de janeiro de 2026, da audiência judicial em Hong Kong sobre o pedido de liquidação apresentado contra ela por um credor, num processo semelhante ao enfrentado por outros nomes de destaque do setor, como a Evergrande, que chegou a ser a segunda maior promotora chinesa do setor imobiliário antes de falir em 2024.

A Country Garden, que era considerada uma das promotoras imobiliárias mais bem geridas da China, entrou em incumprimento em outubro de 2023, após se ver envolvida numa grave crise de liquidez, acumulando perdas de cerca de 30 mil milhões de dólares (25,74 mil milhões de euros) nos últimos dois exercícios, embora em 2024 tenha conseguido reduzi-las em 82 % em termos homólogos.

No final do ano passado, o passivo do grupo ascendia a cerca de 137 mil milhões de dólares (117,53 mil milhões de euros), ainda que 18% inferior ao do final de 2023.

A situação financeira de muitas imobiliárias chinesas piorou depois de, em agosto de 2020, Pequim ter anunciado restrições ao acesso ao financiamento bancário para as promotoras que tinham acumulado elevados níveis de dívida, entre as quais se destacava a Evergrande, então com um passivo de quase 330 mil milhões de dólares (283,11 mil milhões de euros ao câmbio atual).

Perante esta conjuntura, Pequim anunciou várias medidas de apoio, com os bancos estatais a abrirem também linhas de crédito multimilionárias a várias promotoras, às quais foi atribuída como prioridade a conclusão dos projetos vendidos em planta, uma questão que preocupa o gigante asiático pelas implicações para a estabilidade social, já que a habitação é um dos principais veículos de investimento das famílias chinesas.

No entanto, o mercado não está a responder: as vendas comerciais medidas por área de terreno caíram 24,3 % em 2022, novamente 8,5 % em 2023 e 12,9 % em 2024.

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