ONU alerta que onda de instabilidade no Médio Oriente ameaça progresso

A enviada especial adjunta da ONU para a Síria alertou hoje que o país não tem condições para suportar mais uma onda de instabilidade regional, a qual poderá comprometer o progresso e recuperação de Damasco.

soldados, israel

© Reuters

Lusa
17/06/2025 17:56 ‧ há 6 horas por Lusa

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Síria

No 'briefing' mensal do Conselho de Segurança da ONU sobre a situação política e humanitária na Síria desde a queda do regime de Bashar al-Assad, Najat Rochdi reiterou os apelos das Nações Unidas para que Israel e Irão demonstrem máxima contenção, num conflito que está a causar um crescente alarme em torno das potenciais consequências.

 

"A Síria simplesmente não consegue suportar mais uma onda de instabilidade. Os riscos de uma nova escalada na região não são hipotéticos: são imediatos, graves e podem comprometer o frágil progresso em direção à paz e à recuperação na Síria", sublinhou.

Rochdi garantiu existir da parte das autoridades interinas sírias uma clara vontade de empreender reformas institucionais abrangentes que visem a modernização e o desenvolvimento, destacando a criação de uma nova Assembleia Popular como autoridade legislativa de transição.

Contudo, o país continua a registar ataques contra comunidades e grupos sociais específicos, incluindo alauitas, drusos, mas também ataques específicos contra mulheres.

"Embora muitos interlocutores tenham sublinhado que estes incidentes não parecem ser sistemáticos ou parte de uma política oficial, realçaram os desafios persistentes enfrentados pelas autoridades interinas no controlo de determinados grupos, quer estejam afiliados às autoridades interinas ou a operar de forma independente", explicou Rochdi.

A representante da ONU destacou sinais encorajadores no sistema de justiça, como a reintegração de juízes destituídos pelo antigo regime, medida que considerou um passo de construção da confiança entre o poder judicial e o povo.

Najat Rochdi abordou igualmente as recentes incursões e ataques israelitas contra a Síria, considerando que são inaceitáveis e devem cessar.

"A soberania, a independência e a integridade territorial da Síria devem ser respeitadas", sublinhou, acrescentando que Aa diplomacia é possível e deve ser priorizada".

Por fim, a enviada da ONU focou-se na precária situação humanitária em todo o país. Apesar disto, estima-se que quase 600 mil sírios tenham regressado à Síria, principalmente dos países vizinhos, nos últimos seis meses.

Juntam-se ainda os 1,34 milhões de deslocados internos que regressaram às zonas de origem durante o mesmo período, segundo estimativas da ONU.

Porém, a sustentabilidade destes retornos dependerá de muitos fatores, incluindo a disponibilidade de habitação, serviços públicos, infraestruturas e a revitalização da economia, observou.

Na reunião esteve também presente a secretária-geral adjunta da ONU para os Assuntos Humanitários, Joyce Msuya, que indicou que munições não detonadas continuam a ser uma ameaça mortal, sendo responsáveis pela morte de pelo menos 414 pessoas e cerca de 600 feridos desde dezembro.

Um terço dessas vítimas são crianças, disse.

Além disso, os sistemas de saúde continuam sobrecarregados, com menos de 60% dos hospitais e menos de metade dos centros de cuidados primários totalmente funcionais.

A tudo isto, soma-se um surto de cólera que poderá agravar-se devido aos movimentos populacionais e às perturbações nos sistemas de água, quando a Síria atravessa a pior seca em mais de três décadas.

Tendo em conta este cenário, as representantes da ONU encorajaram e saudaram iniciativas internacionais que contribuam para a reativação económica da Síria, como o levantamento das sanções por parte dos Estados Unidos e UE como forma de melhorar o bem-estar da população e criar condições para apoiar a transição política do país.

No início do mês, a Síria assinalou meio ano da queda do regime de Al-Assad, tendo conseguido o fim da maioria das sanções da comunidade internacional.

No entanto, ainda resta muito por fazer no quadro de transição que se estima durar pelo menos cinco anos.

Leia Também: Mulher morta por queda de 'drone' iraniano no oeste da Síria

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