As afirmações de Pillay foram proferidas perante o Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas.
"Mais de 1.300 crianças foram assassinadas desde o fim do cessar-fogo [pelos israelitas] em 18 de março e mais de 15 mil foram-no desde outubro de 2023", especificou Pillay, que preside à Comissão Independente e Internacional para a Investigação nos Territórios Palestinianos Ocupados (TPO), ao apresentar um relatório sobre a situação.
O documento desta comissão tripartida, dirigida por Pillay, foca-se desta vez nas atividades e instituições nos campos da educação, religião e cultura nos TPO e acusa Israel de crimes de guerra e do crime contra a humanidade de "extermínio".
"Além de matar milhares de crianças, Israel eliminou o sistema educativo de Gaza", denunciou Pillay, que destacou que 90% das escolas e universidades da Faixa de Gaza foram destruídas, sofreram estragos de grande dimensão ou foram mesmo bombardeadas quando albergavam deslocados.
O relatório da comissão, que é integrada também pelos juristas Miloon Kothari, da Índia, e Chris Sidoti, da Austrália, garante que não se identificaram razões militares que justificassem estes ataques, os quais apenas "revelaram um interesse em acabar com estas infraestruturas para impedir o acesso dos palestinianos à educação".
O documento apresentado por Pillay também denuncia que mais de metade dos locais religiosos e culturais foram danificados.
"Isto afeta profundamente elementos culturais intangíveis, como práticas religiosas, memórias e história, que minam a identidade dos palestinianos como povo", assegurou a jurista sul-africana, que presidiu entre 1999 e 2003 ao Tribunal Penal Internacional que julgou o genocídio no Ruanda.
Os ataques à educação, cultura e religião dos palestinianos também se estendem à Cisjordânia e Jerusalém-Leste, assinalou Pillay, que recordou as agressões de colonos a estudantes e escolas e a apropriação de locais históricos para "apagar o património não judaico".
Pillay condenpou também os ataques do Hamas e de outros grupos palestinianos, em 07 de outubro de 2023, mas assegurou que "foram antecedidos por décadas de violência e vingança, privação, ocupação ilegal e negação do direito palestiniano à autodeterminação".
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