"O que acabou de acontecer entre Israel e o Irão é uma oportunidade para todos nós dizermos 'parem! Vamos criar um novo caminho', e a Turquia é uma parte fundamental desse novo caminho", sustentou Barrack citado pela agência estatal turca Anadolu.
No seguimento do conflito entre Israel e o Irão, o enviado norte-americano disse acreditar que um cessar-fogo entrará em vigor na Faixa de Gaza "num futuro próximo", bem como a resolução de outras crises na região.
"O Médio Oriente está pronto para iniciar um novo diálogo (...), as pessoas estão cansadas da mesma velha história, e penso que todos verão o regresso aos Acordos de Abraão, especialmente à medida que a situação em Gaza se dissipa. Essa é a questão principal", sustentou, referindo-se ao processo de normalização das relações de Israel com o mundo árabe.
Do mesmo modo, considerou que, após o cessar-fogo que entrou em vigor na terça-feira e suspendeu as hostilidades entre Israel e o Irão, é preciso igualmente estabelecer acordos para as crises na Síria e no Líbano.
"[O Presidente de transição da Síria, Ahmad) al-Sharaa indicou que não odeia Israel e que deseja a paz nesta fronteira. Acredito que isso também acontecerá com o Líbano. É necessário um acordo com Israel", defendeu.
Após os ataques do grupo islamita palestiniano Hamas em território israelita em 07 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra em curso na Faixa de Gaza, o movimento xiita libanês Hezbollah os rebeldes Huthis do Iémen, ambos aliados de Terrão, começaram também a atacar Israel.
Em resposta, as forças israelitas encetaram uma forte ofensiva contra o Hezbollah em setembro passado e, apesar de um acordo de cessar-fogo dois meses mais tarde, ainda mantém posições militares no sul do Líbano.
Em dezembro, o regime sírio de Bashar al-Assad, outro aliado da República Islâmica, caiu após um golpe militar apoiado pela Turquia e Israel aproveitou a ocasião para bombardear instalações militares afetas ao regime deposto e colocar militares no sul do país.
O enviado norte-americano comentou que, no passado, "havia excelentes relações entre a Turquia e Israel e isto pode voltar a acontecer" e o mesmo pode acontecer em relação às novas autoridades de Damasco e de Beirute.
O enviado norte-americano indicou que as diferenças entre Ancara e Washington sobre o programa de caças F-35, bem como as sanções impostas à Turquia, deverão ser resolvidas.
"Estou confiante de que teremos a oportunidade de encontrar uma solução até ao final do ano", declarou o diplomata e também embaixador dos Estados Unidos em Ancara, referindo-se à exclusão do programa dos aparelhos militares norte-americanos e às sanções.
Segundo Barrack, o Presidente norte-americano, Donald Trump, e o seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, vão instruir os chefes das respetivas diplomacias para "encontrar uma forma de acabar com isto".
Em 2020, os Estados Unidos impuseram sanções contra a Turquia, apesar de aliada na NATO, devido à compra do sistema de defesa aérea russo S-400.
Washington excluiu a Turquia do programa dos caças norte-americanos, alegando que a presença do sistema S-400 permitiria a Moscovo recolher informações sobre as capacidades da aeronave.
Os F-35 foram também um assunto em discussão, quando foi sugerido que poderia servir de compensação ao levantamento das objeções de Ancara à adesão da Suécia e da Finlândia à NATO.
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