Médicos Sem Fronteiras alerta para atrocidades e limpeza étnica no Darfur

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) alertou hoje para "atrocidades em massa" e "limpezas étnicas" em curso no norte do Darfur, onde os combates entre o exército sudanês e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido continuam.

 Darfur do Sul, Sudão,

© AFP via Getty Images

Lusa
03/07/2025 15:06 ‧ há 6 horas por Lusa

Mundo

Sudão

"As pessoas não estão apenas presas em combates ferozes e cegos", afirmou num comunicado Michel Olivier Lacharité, responsável pelas emergências da ONG, afirmando que as pessoas são, também, alvo das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) e dos seus aliados, "principalmente devido à sua etnia".

 

Desde abril de 2023, os sudaneses vivem numa guerra pelo poder que opõe o exército regular às RSF, um conflito que causou já dezenas de milhares de mortos e 13 milhões de deslocados.

Depois de perder a capital, Cartum, em março, as RSF redirecionaram a sua ofensiva para o oeste do país, onde tentam tomar El-Facher, a capital do Darfur, ainda controlada pelo exército.

Num relatório intitulado "Assediados, atacados, famintos", a MSF alerta para o risco de um "banho de sangue" em El-Facher, onde cerca de 800.000 pessoas estão sitiadas pelos paramilitares desde maio de 2024.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou na sexta-feira que estava a tentar negociar um cessar-fogo para permitir o envio de ajuda humanitária a El-Facher.

A cidade está em grande parte privada de alimentos, água e cuidados médicos, enquanto a fome atinge três campos de deslocados vizinhos.

Um relatório da MSF, elaborado a partir de 80 testemunhos recolhidos entre maio de 2024 e maio de 2025, descreve "padrões sistemáticos de violência, incluindo pilhagens, massacres, violência sexual, raptos, fome" e ataques contra infraestruturas civis.

De acordo com testemunhas citadas pela MSF, os soldados das RSF planeiam "limpar El-Facher" das suas comunidades não árabes, em particular a etnia Zaghawa --- pilar das Forças Conjuntas aliadas ao exército ---, suscitando receios de um massacre após as atrocidades perpetradas em 2023 contra os Masalit no oeste do Darfur.

"Tememos que tal cenário se repita em El-Facher", disse Mathilde Simon, consultora de assuntos humanitários da MSF.

As tropas do general Abdel Fattah al-Burhane, que lidera o país desde o golpe de Estado de 2021, e as RSF do seu antigo aliado, o general Mohamed Daglo, são regularmente acusadas de cometer massacres.

O conflito, que entra no seu terceiro ano, provocou o que a ONU descreve como "a maior crise humanitária atual".

Só no norte do Darfur, mais de um milhão de pessoas estão à beira da fome, segundo a ONU.

O conflito fragmentou o país africano, com o exército a controlar o leste, o centro e o norte, enquanto as RSF controlam quase todo o Darfur e partes do sul.

Leia Também: ONG contou 239 crianças mortas por fome no Darfur desde início do ano

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