O Congresso dos Estados Unidos aprovou, esta quinta-feira, o pacote legislativo orçamental, batizado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, como "grande e bela lei".
O projeto de lei, que inclui grandes reduções fiscais e cortes na despesa, já tinha passado no Senado, na passada terça-feira, por uma margem mínima de votos.
Depois de ter sido alvo de muitas alterações, o documento aprovado pelo Senado passou a enfrentar o descontentamento de vários congressistas republicanos, obrigando o líder da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, a negociações contínuas nos últimos dias, a par de pressões públicas de Donald Trump.
O pacote, com um total de quase 900 páginas, foi aprovado com 218 votos a favor (214 contra), tendo dois congressistas republicanos votado contra.
Os republicanos detêm atualmente a maioria na Câmara dos Representantes, com 220 lugares, para 212 dos democratas.
A Casa Branca reagiu de imediato à aprovação, publicando uma imagem de Trump a dançar com o tradicional boné vermelho "Make America Great Again" ("Tornar a América Novamente Grande").
"VITÓRIA: A Única, Grande e Bela Lei, é aprovada pelo Congresso dos EUA e segue para a mesa do presidente Trump", refere a mensagem que acompanha a imagem do Presidente republicano.
VICTORY: The One Big Beautiful Bill Passes U.S. Congress, Heads to President Trump’s Desk 🇺🇸 pic.twitter.com/d1nbOlL21G
— The White House (@WhiteHouse) July 3, 2025
O gabinete de Trump anunciou já que a lei será assinada na Casa Branca na sexta-feira, feriado nacional norte-americano.
Durante a noite de trabalho, os líderes republicanos mantiveram a votação aberta durante quase seis horas, enquanto trabalhavam para obter 12 votos.
Com alguns telefonemas feitos diretamente pelo Presidente para os congressistas mais relutantes em assinar a lei, o projeto acabou por conseguir reunir os votos suficientes.
O pacote estende os cortes de impostos do primeiro mandato de Trump (2017-2021), aumenta as despesas com a defesa e o controlo da imigração e reduz programas de assistência como o Medicaid, um seguro de saúde para os cidadãos com rendimentos mais baixos.
Está também prevista uma redução drástica no programa Snap, o principal auxílio alimentar do país, bem como a eliminação de muitos incentivos fiscais para as energias renováveis.
O Senado fez algumas alterações, nomeadamente aos cortes do Medicaid.
As dúvidas suscitadas pelos senadores republicanos tinham precisamente a ver com os cortes nos programas sociais e o impacto fiscal, já que o plano aprovado a 22 de maio pelos Representantes acrescentaria à dívida pública um valor estimado em 2,4 biliões de dólares (cerca de dois biliões de euros) na próxima década, de acordo com o gabinete de Orçamento do Congresso.
Devido às alterações entretanto introduzidas, o projeto do Senado aumenta ainda mais o défice do que a versão da Câmara: estimativas independentes apontam que a dívida dos Estados Unidos possa crescer em 3,3 biliões de dólares (quase 3 biliões de euros ao câmbio atual) ao longo da década.
A aprovação ficou marcada por um discurso de quase nove horas do líder democrata na Câmara, Hakeem Jeffries, no plenário, para atrasar e obstaculizar a aprovação.
Jeffries criticou repetidamente o pacote, que afirmou "roubar" a programas sociais para financiar cortes de impostos para os ricos.
"Que vergonha para esta instituição (Congresso) se este projeto de lei for aprovado", disse.
Além dos telefonemas a congressistas, Trump foi fazendo nas últimas horas intensa pressão pública, através da rede social Truth.
"O que é que os republicanos estão à espera??? O que é que vocês estão a tentar provar???", publicou Trump na última madrugada, dirigindo-se aos congressistas que resistiam a votar favoravelmente.
"O MAGA não está feliz e isso está a custar-vos votos", acrescentou o presidente de 79 anos, em letras maiúsculas, referindo-se ao seu movimento.
A versão final da "grande e bela lei" reacendeu também a animosidade entre Trump e Elon Musk, bilionário que até há poucas semanas era uma das figuras mais destacadas do seu executivo e responsável por fazer cortes orçamentais, e que é crítico de alguns dos cortes previstos e do aumento do endividamento do país.
[Notícia atualizada às 20h33]
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