"Temos de preparar o caminho para uma defesa europeia muito mais forte. Se estamos a tentar defender o nosso continente, então quem o fará por nós, europeus? Precisamos de rearmar a Europa até 2030, o mais tardar, e aguardo com expectativa o roteiro [do executivo comunitário] sobre a forma de alcançar este objetivo", afirmou Mette Frederiksen.
Aludindo à guerra ucraniana causada pela invasão russa há três anos, a chefe de Governo da Dinamarca sublinhou: "Penso que temos de mudar a nossa mentalidade e, quando estamos a entregar armas à Ucrânia, em vez de pensarmos nisso como doações, temos de ver isso no sentido de nos estarmos a armar porque, neste momento, é o exército da Ucrânia que está a proteger a Europa".
Mette Frederiksen falava em conferência de imprensa na cidade dinamarquesa de Arhus, durante a visita do colégio de comissários à Dinamarca, país que assume este semestre a presidência rotativa do Conselho da UE.
A posição surge quando a Comissão Europeia já está, a pedido dos líderes da UE, a fazer um roteiro relativamente à prontidão do espaço comunitário, que passa por aumentar a escala do setor da defesa e para derrubar barreias.
Presente na ocasião, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, confirmou precisamente esse trabalho, que tem de ser apresentado aos líderes da UE em outubro: "O principal objetivo é dispormos de uma abordagem estruturada e geral, tendo em conta o aumento do investimento e das despesas com a defesa".
"A primeira coisa que estamos a fazer é analisar as lacunas de capacidade que identificámos na União Europeia, mas é claro que o farei em estreita cooperação, também com o levantamento das lacunas de capacidade da NATO", assegurou.
Na semana passada, reunidos em Bruxelas, os líderes da UE pediram à Comissão Europeia e à chefe da diplomacia comunitária, Kaja Kallas, que apresentem um roteiro para alcançar a prontidão da defesa comum da UE até 2030.
Nesta conferência de imprensa, foi ainda mencionado o caminho europeu da Ucrânia para a UE, quando o país detém o estatuto de país candidato à adesão, com Mette Frederiksen a admitir que existem "muitos desafios pela frente para passos concretos a dar", dado o veto húngaro, para o qual espera que a Dinamarca possa dar algum contributo.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, está hoje na cidade dinamarquesa de Arhus para o arranque oficial da presidência rotativa da UE, com promessas de ajuda ao país na adesão ao bloco comunitário.
"A Ucrânia faz parte da nossa família europeia e é muito importante para nós o facto de o Presidente Zelensky ter podido juntar-se a nós aqui", adiantou Mette Frederiksen.
A Dinamarca está entre os países que mais prestaram apoio à Ucrânia desde o início da invasão russa e desde então já destinou cerca de 2,32% do seu produto interno bruto (PIB) em apoio bilateral, apenas atrás da Estónia.
Desde o início da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, a UE concedeu quase 160 mil milhões de euros a Kiev.
A Dinamarca assume desde terça-feira a presidência rotativa do Conselho da UE, que se estenderá até ao final do ano. O país sucede à Polónia, que assumiu a presidência no primeiro semestre deste ano, e será depois seguido por Chipre no início de 2026.
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