Segundo este organismo de socorro palestiniano controlado pelo grupo islamita Hamas, 69 pessoas "foram mortas por ataques aéreos israelitas em curso na Faixa de Gaza desde o amanhecer, das quais 38 aguardavam ajuda humanitária", precisou à agência noticiosa France-Presse (AFP) Mahmoud Bassal, porta-voz da Defesa Civil, que tinha anunciado anteriormente um balanço de 25 mortos.
As operações militares israelitas ocorreram numa altura em que decorrem discussões entre as partes para um cessar-fogo, conversações que dividem, contudo, o governo de Israel.
O exército israelita ampliou recentemente a sua ofensiva no pequeno território costeiro palestiniano, onde a guerra, desencadeada pelo ataque sem precedentes do movimento islâmico Hamas em solo israelita, a 07 de outubro de 2023, levou a grande maioria dos habitantes a deslocar-se.
Muitos deles encontraram refúgio em edifícios escolares atacados pelas forças israelitas, que afirmam ter como alvo combatentes do Hamas escondidos entre civis.
A Defesa Civil de Gaza disse à AFP que um ataque aéreo noturno à escola Moustafa Hafez, na cidade de Gaza (norte), que abriga deslocados, causou 15 mortes, incluindo "uma maioria de crianças e mulheres".
"Isto não é vida", lamentou Oumm Yassin Abou Awda, entre os palestinianos enlutados no hospital para onde os corpos foram levados. "Ou eles [os israelitas] lançam uma bomba atómica e acabamos com isto, ou a consciência das pessoas tem de finalmente despertar».
Contactado pela AFP, o exército israelita afirmou ter visado um "combatente de topo" do Hamas e ter tomado "muitas medidas para reduzir o risco de atingir civis".
Segundo Bassal, 38 pessoas também foram mortas por tiros israelitas enquanto esperavam por ajuda humanitária, o que o exército, solicitado, ainda não comentou.
O mecanismo de distribuição da ajuda é denunciado pela comunidade humanitária internacional desde que foi assumido, no final de maio, pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF), uma organização apoiada pelos Estados Unidos e Israel com a qual a ONU se recusa a colaborar.
As Nações Unidas acusaram os militares israelitas de terem "bombardeado e disparado contra palestinianos que tentavam chegar aos pontos de distribuição, causando inúmeras mortes". O exército israelita reconheceu ter aberto fogo perto dos locais de distribuição de ajuda, mas afirma ter respondido a uma "ameaça".
A Amnistia Internacional (AI) criticou hoje o "sistema militarizado" em que "Israel continua a usar a fome dos civis como arma de guerra contra os palestinianos".
Devido às restrições impostas aos meios de comunicação por Israel, que mantém o cerco à Faixa de Gaza, e às dificuldades de acesso ao terreno, a AFP não está em condições de verificar de forma independente as afirmações das organizações que operam no território palestino.
Em Israel, a classe política continua dividida entre os defensores de um cessar-fogo, que permitiria a libertação de parte dos reféns ainda detidos em Gaza, e os defensores da continuação dos combates até que o Hamas seja aniquilado.
"Se não conseguirmos eliminar o Hamas, os nossos filhos sofrerão!", afirmou o ministro da Segurança Nacional israelita, Itamar Ben Gvir, numa entrevista ao canal 14.
Ben Gvir pretende, juntamente com Bezalel Smotrich, outro ministro de extrema-direita, pressionar o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, para que rejeite a proposta norte-americanas de um cessar-fogo de 60 dias. A trégua seria acompanhada pela libertação de metade dos reféns ainda vivos, em troca de prisioneiros palestinianos.
Netanyahu deve viajar na próxima semana a Washington para um terceiro encontro em menos de seis meses com o presidente americano, Donald Trump, que pressiona por um fim das hostilidades.
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