O relatório hoje divulgado pela organização com sede em Washington que monitoriza a evolução da invasão russa da Ucrânia, desde fevereiro de 2022, refere que a formação dos menores ucranianos visa "o futuro serviço militar russo ou emprego na Base Industrial de Defesa Russa" e também a preparação para um elemento essencial da guerra do futuro.
O documento cita meios de comunicação social da região ocupada de Lugansk, no leste da Ucrânia, que noticiaram em 30 de junho que 20 crianças participaram na etapa regional da competição de operadores de drones "Pilotos do Futuro-2025, promovida pela organização de ativismo juvenil russa Movimento dos Primeiros, a Federação Russa de Corridas de Drones e o Ministério do Desporto da autoproclamada República Popular de Lugansk.
"Os participantes da competição, com idades compreendidas entre os 07 e os 18 anos, aprendem a montar, programar e controlar drones e competem entre si em corridas de obstáculos" com os aparelhos não tripulados, segundo o ISW (na sigla em inglês).
Os vencedores da competição participarão no próximo mês na final do "Piloto do Futuro-2025" em Sochi, no sul da Rússia, junto do Mar Negro.
O ISW assinala que a Rússia "tem vindo gradualmente a alargar a integração das crianças ucranianas no seu ecossistema mais amplo de desenvolvimento, produção e operação de drones", e destaca um relatório divulgado em abril sobre este tema.
O documento, preparado pelo Grupo Ucraniano de Direitos Humanos do Leste (EHRG) e pelo Instituto de Investigação Estratégica e Segurança (ISRS), duas organizações que acompanham a situação nos territórios ocupados, constatou que "a Rússia instituiu currículos de formação em drones para mais de cem mil adolescentes em escolas" no país vizinho.
O relatório do ISW observa ainda que a Rússia está a tentar incentivar a participação dos jovens em programas de drones, usando os jogos e as competições como método de atração, como é o caso da prova "Pilotos do Futuro-2025".
A operação com drones "tornou-se uma parte essencial do conceito militar russo de operações na Ucrânia, e as autoridades russas compreendem claramente que a guerra com drones só ganhará importância em conflitos futuros", analisa o instituto norte-americano.
A situação dos menores é uma das principais preocupações de violações de direitos humanos nas regiões que a Rússia ocupa desde a sua invasão em grande escala da Ucrânia.
A deportação forçada de crianças e adolescentes ucranianos para a Rússia levou o Tribunal Penal Internacional (TPI) a emitir, em março de 2023, mandados de detenção contra o líder do Kremlin (presidência russa), Vladimir Putin, e a comissária para os Direitos da Criança, Maria Lvova-Belova.
As autoridades de Kyiv enumeram pelo menos 20 mil menores deportados, havendo relatos de entregas para adoção, processos de aculturação russa e ainda treino militar precoce.
O caso destes menores ucranianos foi abordado em meados de maio de forma direta junto dos representantes de Moscovo, nas negociações para um cessar-fogo entre as duas partes em Istambul, na Turquia.
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