Síria diz estar pronta para cooperar para regressar ao armistício de 1974

A Síria declarou hoje estar pronta para cooperar com os Estados Unidos para regressar ao acordo de retirada de 1974 com Israel, que criou uma zona tampão desmilitarizada no planalto dos montes Golã.

French President Macron receives Syria interim leader Ahmed Al-Charaa

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Lusa
04/07/2025 14:12 ‧ há 4 horas por Lusa

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Síria

"A Síria aspira a cooperar com os Estados Unidos para um regresso ao acordo de retirada de 1974", declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros sírio, Assaad al-Shaibani, durante uma conversa telefónica com o seu homólogo norte-americano, Marco Rubio, segundo um comunicado oficial de Damasco. 

 

Israel e a Síria, onde uma coligação islâmica tomou o poder em dezembro, continuam oficialmente em estado de guerra.

A disponibilidade de Damasco surge dias depois de os Estados Unidos terem levantado as sanções impostas à Síria, que as considerou um "ponto de viragem" nas relações com Washington, que vai impulsionar o país "para uma nova fase" de prosperidade, estabilidade e de abertura à comunidade internacional.

Asaad al-Shaibani especificou que, com o fim das sanções, "vão abrir-se as portas" da reconstrução e do desenvolvimento, além da reabilitação de infraestruturas essenciais, criando as condições necessárias para o regresso dos refugiados provocados pela guerra civil síria. 

A 30 de junho, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma "ordem executiva" para acabar com a maioria das sanções impostas à Síria. A medida fora anunciada em maio passado após conversações entre o chefe de Estado norte-americano e o Presidente interino do país, Ahmed al-Sharaa.

A 13 de maio, durante uma visita a Riade, Trump surpreendeu ao anunciar o levantamento das sanções norte-americanas, afirmando que queria "dar às novas autoridades em Damasco uma oportunidade de grandeza".

A Síria, governada pelo clã Assad durante mais de 50 anos, está sujeita a sanções internacionais desde 1979. Estas sanções foram reforçadas depois de o regime de Bashar al-Assad ter reprimido os protestos pró-democracia em 2011, que desencadearam a guerra.

O país do Médio Oriente é agora dominado pelo grupo islamita Hayat Tahrir al-Cham (HTS), que derrubou o regime de Bashar al-Assad. O HTS, anteriormente afiliado à Al-Qaida, cortou os seus laços com a organização 'jihadista' em 2016.

A União Europeia (UE) também suspendeu quase todas as restantes sanções contra a Síria. Ainda assim, algumas restrições mantêm-se em vigor e os EUA designam ainda a Síria como um Estado patrocinador do terrorismo e o grupo liderado por Al-Sharaa como uma organização terrorista estrangeira.

Fonte do Departamento de Estado adiantou à agência Associated Press que a administração Trump está a rever estas designações.

A decisão dos Estados Unidos surge depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Gideon Saar, ter declarado que Israel estava "interessado" em normalizar as relações com a Síria e o Líbano ao abrigo dos Acordos de Abraão, embora sublinhasse que Israel não tencionava devolver a parte do Golã sírio que conquistou em 1967 e anexou em 1981.

No entanto, a Síria, que reconheceu ter conduzido negociações indiretas com Israel com vista a reduzir as tensões, respondeu que as discussões sobre a assinatura de um acordo de paz com Israel eram "prematuras".

Após a queda de Bashar al-Assad em dezembro passado e de mais de 13 anos de guerra civil, Israel enviou tropas para a zona tampão desmilitarizada do Golã e realizou incursões em território sírio.

Parte desse planalto foi conquistada por Israel à Síria em junho de 1967, e uma área adicional de cerca de 510 quilómetros quadrados foi ocupada por Israel durante a guerra israelo-árabe de outubro de 1973, e depois evacuada em 1974, ao abrigo de um acordo de retirada que criou uma zona tampão desmilitarizada de cerca de 80 quilómetros.

Os 'capacetes azuis' da Força das Nações Unidas para a Observação da Retirada (UNDOF) são responsáveis por controlar o cumprimento deste acordo.

Em 2020, patrocinados pelo Presidente dos EUA durante o seu primeiro mandato na Casa Branca, os chamados Acordos de Abraão, permitiram ao Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Marrocos e Sudão estabelecer laços formais com Israel.

Leia Também: Erdogan acusa Netanyahu de transformar região num banho de sangue

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