O Hamas "concluiu as suas consultas internas e com [outras forças palestinianas] sobre a mais recente proposta dos mediadores para travar a agressão contra o nosso povo em Gaza", refere em comunicado o movimento, que atacou em 07 de outubro de 2023 Israel, que respondeu invadindo o enclave palestiniano.
O movimento, considerado terrorista por Israel e outros países, adianta que "apresentou a sua resposta aos mediadores (...) positiva, e está pronto para iniciar imediata e seriamente uma ronda de negociações sobre o mecanismo para implementar esta estrutura".
O Presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou na quarta-feira que Israel aceitou um cessar-fogo de 60 dias em Gaza e intimou o movimento palestiniano Hamas a aceitar os termos do mesmo.
"Espero, para bem do Médio Oriente, que o Hamas aceite este acordo, porque a situação não vai melhorar --- SÓ VAI FICAR PIOR", publicou Trump na rede social Truth.
No comunicado de hoje, o Hamas não detalha as condições aceites, mas fontes próximas do grupo disseram à EFE que o Hamas estava "satisfeito" com a proposta de Trump, considerando que "inclui garantias" para "as negociações continuarem" durante uma trégua inicial de 60 dias, visando "um cessar-fogo permanente e uma retirada completa e gradual de Gaza" das forças israelitas.
Em termos gerais, refere a EFE, a proposta prevê que durante a trégua de 60 dias o Hamas libertará metade dos reféns israelitas ainda vivos em Gaza, bem como os corpos de cerca de 30 reféns, em troca da libertação de prisioneiros palestinianos detidos por Israel.
Uma fonte do Hamas citada pelo site noticioso israelita Ynet adiantou que durante as negociações o movimento solicitou algumas pequenas alterações ao texto da proposta, incluindo a eliminação do mecanismo de distribuição de ajuda humanitária gerido pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF) e o regresso da ONU à função de distribuição de mantimentos.
A mediação tem estado a cargo do Qatar e do Egito.
A rápida resolução da guerra de 12 dias entre Israel e o Irão reacendeu as esperanças de um fim para os combates em Gaza, onde mais de 20 meses de confrontos criaram condições humanitárias catastróficas para uma população de mais de dois milhões de pessoas.
Israel tem estado sob crescente pressão também devido ao sistema de distribuição de ajuda humanitária através de uma fundação e que exclui as Nações Unidas, que acusa de beneficiarem o Hamas.
Uma trégua de 60 dias é o princípio básico da proposta apresentada há meses pelo enviado da Casa Branca para o Médio Oriente, Steve Witkoff.
Israel apoiou a proposta desde o início, mas o Hamas rejeitou-a em ocasiões anteriores por não prever uma retirada israelita do território ou o fim da ofensiva.
Trump irá receber na Casa Branca (presidência) o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, na próxima segunda-feira, numa visita em que deverão debater o conflito em Gaza.
Israel rejeitou na quinta-feira retirar-se de Gaza, alegando que isso permitiria a reorganização do Hamas.
"Retirar de Gaza e depois simplesmente permitir que o Hamas se reagrupe, se reconstrua e nos ataque novamente, como eles dizem que querem fazer, simplesmente não é uma opção", afirmou o porta-voz do Governo, David Mencer.
"Não permitiremos que uma organização terrorista 'jihadista' que, em todas as oportunidades, manifesta a intenção de nos destruir e trabalha ativamente para o fazer, se instale a poucos metros das nossas casas", acrescentou.
A atual guerra em Gaza, um território com mais de dois milhões de habitantes, começou em outubro de 2023, após o ataque do grupo extremista palestiniano Hamas em Israel que causou cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.
A ofensiva militar israelita após o ataque provocou mais de 57.100 mortos em Gaza, a destruição de grande parte das infraestruturas do território e uma crise na assistência da população, que se viu privada de ajuda alimentar e médica.
Das 251 pessoas raptadas em Israel em outubro de 2023, 49 continuavam detidas em Gaza, mas 27 delas foram declaradas mortas pelo exército israelita.
O grupo radical Hamas, que governa Gaza desde 2007, é considerado uma organização terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia.
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