Em entrevista à rádio CBN, Fernando Haddad, insistiu que "o Brasil nunca saiu e nunca sairá da mesa de negociações", mas admitiu a possibilidade de não chegar a nenhum tipo de acordo com o governo do Presidente norte-americano, Donald Trump, nos próximos dez dias.
"A determinação do Presidente [do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva] é que continuemos engajados permanentemente. Enviamos uma segunda carta na semana passada, além da de maio. Insistiremos nas negociações comerciais", afirmou Haddad.
"Em uma situação como essa, a Fazenda [ministério da economia] se prepara para todos cenários. Temos plano de contingência para qualquer decisão que venha ser tomada pelo presidente da República", acrescentou o ministro brasileiro.
Haddad, membro do comité interministerial criado no país sul-americano para responder à ameaça tarifária de Trump, indicou que, caso ela se concretize, eles estudam implementar "instrumentos de apoio aos setores" potencialmente afetados.
O ministro também atribuiu a crise atual entre o Brasil e os Estados Unidos ao "relacionamento individual" de Trump com o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro.
Para Haddad, todo o conflito decorre da existência de uma "força política de extrema-direita no Brasil que atua contra os interesses nacionais".
Trump anunciou uma tarifa adicional de 50% sobre as importações do Brasil, a partir de 01 de agosto, numa carta enviada ao Governo brasileiro, alegando que a relação comercial entre as partes é "muito injusta", marcada por desequilíbrios gerados por "políticas tarifárias e não-tarifárias e pelas barreiras comerciais do Brasil".
No entanto, desde 2009 os Estados Unidos registam excedente comercial nas trocas com o Brasil.
O líder norte-americano acusa também o Brasil pela "forma como tem tratado o ex-Presidente Jair Bolsonaro", processado no Supremo Tribunal Federal por suposta tentativa de golpe de Estado após perder as eleições de 2022 para o atual Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.
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