Funcionários da Casa Branca estão a começar a ficar 'impacientes' com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, cujas ações podem estar a prejudicar esforços do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na mediação do conflito no Médio Oriente.
"Bibi agiu como um louco. Bombardeia tudo a toda a hora", disse um funcionário da Casa Branca, segundo a agência noticiosa Axios, referindo-se à alcunha com que Netanyahu é tratado. "Isto pode minar o que Trump está a tentar fazer", acrescentou a mesma fonte, referindo-se ao ataque às tropas sírias que seguiam para sul, onde a violência na província de Al-Suwayda tem sido palco de uma escalada de violência.
"A sensação é que todos os dias há algo de novo. Mas que raio?", disse um segundo alto funcionário dos EUA, depois de Israel ter atingido uma paróquia católica em Gaza, matando três pessoas.
Estavam mais de 400 pessoas deslocadas no interior da igreja, incluindo crianças e pessoas com necessidades especiais. O ataque, que aconteceu na quinta-feira, foi condenado pela comunidade internacional e, este domingo, pelo Papa Leão XIV. "Não pode haver justificação para a punição coletiva, o uso indiscriminado da força ou a deslocação forçada de habitantes", declarou.
O chefe de Estado norte-americano não condenou publicamente os ataques de Israel na Síria, mas conversou com Netanyahu ao telefone, tendo exigido, de acordo com a imprensa internacional, que este fizesse um comunicado a lamentar a situação, o que Netanyahu fez após algum tempo. Israel tem tido também que existe a necessidade de defender os drusos, uma minoria na Síria.
Um terceiro funcionário da Casa Branca disse, citado pela publicação The Times of Israel, que há um ceticismo crescente na administração norte-americana em relação ao chefe de governo israelita e às suas políticas. "Netanyahu é por vezes como uma criança que não se comporta", considerou.
Não é claro, adianta a imprensa internacional, se esta frustração crescente está também a ser sentida pelo presidente, mas não seria a primeira vez que Trump se mostrava desagradado com algumas ações de 'Bibi'.
Os drusos são uma minoria religiosa da Síria, que segue uma fé abraâmica que tem traços próximos do judaísmo e do cristianismo, mas com hábitos culturais árabes.
Mais de metade dos cerca de um milhão de drusos em todo o mundo vive na Síria. A maioria dos restantes reside no Líbano e em Israel, incluindo nos Montes Golã, território capturado por Israel à Síria na guerra do Médio Oriente de 1967 e anexado em 1981.
Após a queda do regime do presidente sírio Bashar al-Assad, em dezembro, surgiram preocupações quanto ao destino das minorias étnicas no país sob o novo governo de transição sírio, liderado por Ahmad al-Sharaa, um antigo líder rebelde islamita.
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