O fim da CPB, após quase seis décadas a impulsionar a produção de programas educativos e conteúdos culturais, é o resultado direto da postura do Presidente Donald Trump contra os meios de comunicação públicos, que diz defenderem políticas de esquerda.
Espera-se que o encerramento tenha um impacto profundo no panorama jornalístico e cultural --- em particular nas estações de rádio e TV públicas em pequenas comunidades nos Estados Unidos, que a CPB também apoiava.
A CPB está por detrás de produções educativas históricas, incluindo algumas difundidas também em Portugal, como a "Rua Sésamo".
Em comunicado, a empresa afirmou que a decisão de avançar com uma "redução ordenada" foi tomada após a aprovação no Congresso de um pacote legislativo que inclui a retirada de financiamento e a decisão, na quinta-feira, da Comissão de Apropriações do Senado de excluir o seu financiamento, pela primeira vez em mais de 50 anos.
"Apesar dos esforços extraordinários de milhões de americanos que ligaram, escreveram e assinaram petições ao Congresso para preservar o financiamento federal para a CPB, enfrentamos agora a difícil realidade de encerrar as nossas operações", disse Patricia Harrison, presidente da entidade.
A CPB informou hoje os funcionários que a maioria dos cargos terminará com o ano fiscal, a 30 de setembro.
A empresa informou que uma pequena equipa de transição permanecerá em funções até janeiro para concluir qualquer trabalho restante --- incluindo, segundo a mesma, "garantir a continuidade dos direitos musicais e 'royalties' que continuam a ser essenciais para o sistema de media públicos".
"Os meios de comunicação públicos têm sido uma das instituições mais confiáveis na vida americana, proporcionando oportunidades educacionais, alertas de emergência, discurso civilizado e ligação cultural com todos os cantos do país", disse Harrison. "Estamos profundamente gratos aos nossos parceiros em todo o sistema pela sua resiliência, liderança e dedicação inabalável em servir o povo americano".
As emissoras da NPR utilizam milhões de dólares em fundos federais para pagar taxas de licenciamento musical e agora muitas terão agora de renegociar estes acordos.
A presidente e CEO da NPR, Katherine Maher, estimou recentemente, por exemplo, que cerca de 96% de toda a música clássica transmitida nos Estados Unidos é difundida em rádios públicas.
Os fundos federais para a rádio e televisão públicas têm sido tradicionalmente alocados à CPB, que os distribui à NPR e à PBS.
Aproximadamente 70% dos fundos iam diretamente para as 330 estações da PBS e 246 da NPR em todo o país.
Trump, que chamou a CPB de "monstruosidade", há muito que afirma que a radiodifusão pública demonstra um preconceito liberal e que defende atitudes que considera "anti-americanas".
Atacou também os órgãos de comunicação social do governo que possuíam estatutos de independência, incluindo a Voz da América, encerrando as operações deste meio global histórico.
Trump também demitiu em abril três membros do conselho de administração da CPB, que numa ação judicial alegaram que a sua demissão foi um abuso governamental, visando uma entidade cujo estatuto garante independência.
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