"O Presidente [Donald Trump] foi muito claro ao afirmar que eles devem intensificar os seus esforços", disse Vance, referindo-se ao papel dos países europeus no conflito entre a Ucrânia e a Rússia, durante uma entrevista à cadeia de televisão norte-americana Fox News na noite de quarta-feira.
"Não acho que devemos arcar com tudo. Acho que devemos ajudar, se necessário, para deter a guerra e as mortes. Mas acho que devemos esperar, e o Presidente [Trump] certamente espera, que a Europa desempenhe o papel principal", acrescentou.
Durante a entrevista, Vance disse que, durante a visita dos líderes europeus e do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, à Casa Branca na segunda-feira, Trump tomou a iniciativa de ligar imediatamente ao Presidente russo, Vladimir Putin, para tentar avançar na possível reunião bilateral entre ambas as partes.
Recentemente, Trump deu um prazo de 10 a 12 dias ao Presidente russo para que demonstrasse o compromisso em selar a paz na Ucrânia, sob a ameaça de impor sanções económicas a Moscovo, bem como sanções secundárias a países que comercializem com a Rússia, como a Índia ou a China, que não se concretizaram.
Apesar do início das negociações para pôr fim ao conflito, a Força Aérea ucraniana informou na sua comunicação matinal desta quarta-feira sobre a continuação dos ataques noturnos russos, desta vez através de 93 drones de diferentes tipos, lançamento de dois mísseis balísticos do tipo Iskander-M, para além de outros bombardeamentos.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia a cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kyiv têm visado, em ofensivas com 'drones' (aeronaves não-tripuladas), alvos militares em território russo e na península da Crimeia, ilegalmente anexada por Moscovo em 2014.
No plano diplomático, após um longo impasse nas conversações entre Moscovo e Kyiv, realizou-se a 15 de agosto uma cimeira no Alasca entre os Presidentes norte-americano, Donald Trump, e russo, Vladimir Putin, sobre a guerra na Ucrânia, com a possibilidade de um cessar-fogo como a principal questão em debate, mas não foram alcançados quaisquer resultados.
Na segunda-feira, Trump recebeu na Casa Branca o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e uma comitiva de alto nível com vários líderes europeus.
A Rússia rejeitou até agora qualquer cessar-fogo prolongado e exige, para pôr fim ao conflito, que a Ucrânia lhe ceda quatro regiões - Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia - além da península da Crimeia anexada em 2014, e renuncie para sempre a aderir à NATO.
Estas condições são consideradas inaceitáveis pela Ucrânia, que, juntamente com os aliados europeus, tem exigido um cessar-fogo incondicional de 30 dias antes de entabular negociações de paz com Moscovo.
Por seu lado, a Rússia considera que aceitar tal oferta permitiria às forças ucranianas, em dificuldades na frente de batalha, rearmar-se, graças aos abastecimentos militares ocidentais.
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