Em declarações hoje à agência Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Leiria, Gonçalo Lopes, disse que a iniciativa partiu das juntas de freguesia da Vieira de Leiria (concelho da Marinha Grande) e de Monte Redondo e Carreira (concelho de Leiria), envolvendo a proteção civil e dezenas de voluntários.
Foram retirados "centenas de peixes mortos do rio", uma vez que, desde que aconteceu a descarga, "nada tinha feito nessa área", assinalou.
"Atualmente temos um problema ambiental muito grave nesse troço do rio", realçou, acrescentando que é uma zona de pesca que "atualmente não tem peixe absolutamente nenhum".
O autarca defendeu que é necessário fazer uma operação de limpeza à superfície, "mas sobretudo nos solos que poderão estar contaminados no leito do rio", sublinhando que "este tipo de trabalho tem de ser planeado" e terá de haver um plano de investimentos nesta área "pelo responsável pelo crime ambiental, neste caso a AdClL [empresa Águas de Centro Litoral]".
Gonçalo Lopes indicou que, na terça-feira, haverá uma reunião entre elementos do Governo, dos municípios e a AdCL "para começar a delinear as ações de curto prazo e de médio prazo".
"O que nós exigimos é que haja uma intervenção que reponha aquilo que é o prejuízo ambiental. A população está extremamente indignada com o que aconteceu e, sobretudo, naqueles momentos a seguir à reposição do sistema muito pouco tem sido feito", lamentou.
A retirada de peixes, por exemplo, deveria ter sido assumida pela empresa, considerou o presidente da Câmara de Leiria, apontando que a ação de sábado visou a retirada à superfície, mas é expectável que existam mais peixes mortos no fundo do mar e junto às margens, referiu.
"Essa intervenção exige um envolvimento de meios que as autarquias não têm, nomeadamente barcos, maquinaria. Terá de ser a empresa a fazer essa intervenção, recorrendo aos serviços especializados", reforçou.
Na quarta-feira, a GNR indicou que estava a investigar a poluição no rio Lis após a avaria na estação elevatória que obrigou a descargas de efluentes.
Na ocasião, o capitão Daniel Matos, do Comando Territorial de Leiria da Guarda Nacional Republicana, disse à Lusa que "esta situação tem grave impacto na fauna e flora locais", havendo já "evidências desse impacto com fauna morta, sobretudo peixes".
No mesmo dia, a empresa pública Águas de Centro Litoral (AdCL) divulgou que a estação de Monte Real (Leiria), que eleva efluente para a estação de tratamento de águas residuais do Coimbrão, "encontra-se temporariamente inoperacional devido a uma avaria nas bombas que compõem o sistema de elevação".
Face à inoperacionalidade da estação elevatória, "foi acionado o sistema de descarga de emergência da estação, bem como da estação elevatória a montante (Serra de Porto do Urso)", informou a AdCL, adiantando ainda que "estas descargas ocorrem, respetivamente, no rio Lis e numa vala de rega adjacente".
A empresa garantiu na altura que estavam "a ser tomadas todas as medidas necessárias para resolver esta ocorrência, com a maior celeridade possível".
A situação levou à interdição de banhos na Praia da Vieira, concelho da Marinha Grande, onde desagua o rio Lis, e o município de Leiria desaconselhou atividades no troço do rio Lis a jusante de Monte Real, incluindo captações para rega, banhos e pesca.
Nas declarações de hoje, o presidente da Câmara de Leiria indicou que no sábado a praia já se encontrava aberta, mas alertou que "o rio continua poluído e se existir uma mudança de maré é natural que isso se reflita na Praia da Vieira".
"Por isso é que é importante também proceder a intervenções como esta, porque se existir uma maré em que o rio chegue à praia não só polui, como vai arrastar muitos dos peixes mortos, que significa também uma imagem que vai afetar muito o turismo", salientou.
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