"Ainda não tenho um levantamento exaustivo feito, até porque a nossa preocupação foi salvar vidas e, felizmente, não houve nunca qualquer problema a esse respeito, mas houve danos numa moradia de primeira habitação e numa outra de segunda", disse à agência Lusa o presidente da Câmara de Vila Nova de Foz Côa, João Paulo Sousa.
O autarca indicou que a família da primeira habitação "não ficou desalojada, tinha alternativa", e o senhor da segunda habitação "tem casa" e a que ficou danificada "era uma onde em tempos tinha animais e instrumentos agrícolas".
"Ardeu sim uma capela em Cedovim, perto do cemitério. Era uma pequena capela onde também guardavam os andores e agora vamos, juntamente com a freguesia e outras entidades ver os prejuízos e, claro, vamos ajudar em tudo para a reconstruir", afirmou.
As chamas que passaram no concelho de Vila Nova de Foz Coa, no distrito da Guarda, deixaram ainda um rasto de destruição em "terrenos agrícolas, alfaias agrícolas, armazéns, ardeu muita coisa", acrescentou o autarca, adiantando, contudo, que só na segunda-feira irão para o terreno.
"Acionamos nessa altura o nosso plano municipal de proteção civil", contou.
Nas declarações à Lusa, pelas 18h00, o autarca referiu que nesse momento o concelho estava numa "situação mais estável", depois de na sexta-feira "ter havido problemas muito grandes, principalmente, em duas freguesias: Cedovim e Horta".
"O incêndio chegou-nos pelo município vizinho da Mêda [também distrito da Guarda] e agora, depois de dois dias complicados, toda a indicação que tenho é que desde esta madrugada que não há um foco ativo no concelho", afirmou
Mas, acrescentou, todos os autarcas e responsáveis do concelho estão "extremamente preocupados", porque as temperaturas ou algum vento podem levar a algum reacendimento ou novo foco de incêndio.
O fogo que chegou a Vila Nova de Foz Côa teve origem em dois incêndios - Sátão (distrito de Viseu) e Trancoso (distrito da Guarda) - e na sexta-feira tornou-se um só, que se alastrou a 11 municípios dos dois distritos.
Os 11 municípios são: Sátão, Sernancelhe, Moimenta da Beira, Penedono e São João da Pesqueira (distrito de Viseu); Aguiar da Beira, Trancoso, Fornos de Algodres, Mêda, Celorico da Beira e Vila Nova de Foz Côa (distrito da Guarda).
O incêndio de Vila Boa, freguesia de Ferreira de Aves, em Sátão, teve alerta às 01h03 de quarta-feira, tendo no mesmo dia chegado aos municípios de Sernancelhe, também no distrito de Viseu, e ao de Aguiar da Beira, distrito da Guarda.
O alerta para o incêndio de Freches, no município de Trancoso, distrito da Guarda, aconteceu há mais de uma semana, no dia 09, às 17h21.
A página oficial na Internet da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) tem os meios distribuídos pelos dois incêndios de origem.
Pelas 18h30, em Sátão estavam mobilizados 641 operacionais, apoiados por 208 veículos e quatro meios aéreos, e em Trancoso 401 operacionais, com 128 veículos e um meio aéreo.
No total, o incêndio mobilizava 1.042 operacionais, apoiados por 336 veículos e cinco meios aéreos.
Portugal continental tem sido afetado por múltiplos incêndios rurais desde julho, sobretudo nas regiões Norte e Centro, num contexto de temperaturas elevadas que motivou a declaração do estado de alerta, em vigor até hoje.
Os fogos provocaram um morto e vários feridos, na maioria sem gravidade, e destruíram total ou parcialmente casas de primeira e segunda habitação, bem como explorações agrícolas e pecuárias e área florestal.
Portugal ativou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, ao abrigo do qual deverão chegar, na segunda-feira, dois aviões Fire Boss para reforço do combate aos incêndios.
Segundo dados oficiais provisórios, até 16 de agosto arderam 139 mil hectares no país, 17 vezes mais do que no mesmo período de 2024. Quase metade desta área foi consumida em apenas dois dias desta semana.
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