"Não posso deixar de me solidarizar com a posição de repúdio das operações militares e policiais desencadeadas em Gaza e na Cisjordânia, pelas autoridades israelitas, provocando a destruição generalizada do território, fome, desespero e milhares de mortos -- incluindo crianças --, de feridos e de presos políticos", afirmou o antigo chefe de Estado (1976-1986), num comunicado enviado à agência Lusa.
Na mesma nota, Ramalho Eanes justifica ter recusado assinar uma petição de repúdio ao "genocídio em Gaza" e a favor da criação do Estado da Palestina, subscrita por "personalidades agraciadas com a Ordem da Liberdade", com o facto de ser membro do Conselho de Estado e, por isso, entender que não deve "'aconselhar' publicamente o Presidente da República, mas, tão-só, em sede própria".
"Desde que deixei de exercer funções de Presidente da República, decidi não assinar quaisquer petições coletivas, por serem muitas e variadas, tomando, em alternativa, uma posição pública individual, quando entendia dever fazê-lo", referiu ainda.
O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa condecorou Ramalho Eanes com o grande-colar da Ordem Militar de Avis, durante a cerimónia do 10 de Junho, sendo a primeira vez que foi atribuída esta distinção, o mais alto grau desta ordem militar.
O general Ramalho Eanes foi o primeiro Presidente da República eleito por sufrágio universal em democracia, nas presidenciais de 1976, e cumpriu dois mandatos na chefia do Estado, até 1986.
Um grupo de 64 membros condecorados com a Ordem da Liberdade, entre os quais Vasco Lourenço e Pacheco Pereira, instaram na segunda-feira o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a apoiar o reconhecimento de Portugal do Estado da Palestina.
Num comunicado, o grupo de galardoados com a distinção atribuída a figuras que se destacaram pelas suas ações em prol da liberdade, exige ao Presidente que "assuma uma posição inequívoca de condenação da política do Estado de Israel em relação à Palestina e de apoio ao reconhecimento imediato por Portugal do Estado da Palestina".
Israel lançou uma ofensiva contra a Faixa de Gaza depois de ter sido atacado em 07 de outubro de 2023, numa ação liderada pelo grupo extremista palestiniano Hamas, que governa o enclave desde 2007.
O ataque do Hamas no sul de Israel causou cerca de 1.200 mortos e 251 reféns, segundo as autoridades israelitas.
A operação militar israelita na Faixa de Gaza já provocou mais de 55 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
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