A porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, defendeu, este sábado, que o "abuso sexual de menores jamais pode ser normalizado", numa crítica a Rita Matias, deputada do Chega.
"Uma criança que é violada aos 12 anos é uma vítima particularmente vulnerável. Não tem as suas 'próprias ideias', como defendeu Rita Matias", começou por escrever a também deputada única do PAN numa publicação divulgada na rede social X (antigo Twitter).
"O abuso sexual de menores jamais pode ser normalizado e menos ainda para defender que em circunstância alguma se deve ser praticada a IVG [Interrupção Voluntária da Gravidez]", acrescentou.
Uma criança que é violada aos 12 anos é uma vítima particularmente vulnerável. Não tem as suas “próprias ideias”, como defendeu Rita Matias.
— Inês Sousa Real (@InesSousaReal) June 28, 2025
O abuso sexual de menores jamais pode ser normalizado e menos ainda para defender que em circunstância alguma se deve ser praticada a IVG.
Em causa está uma entrevista da deputada do Chega no programa 'Dois às 10', da TVI, na sexta-feira, quando o tema do aborto estava em discussão.
"Imagine que um dia é mãe e que a sua filha de 12 anos é violada e engravida. Gostava que ela seguisse com a gravidez?", questionou Cristina Ferreira.
"Eu gostava que a minha filha não fosse violada e o que o seu agressor tivesse pena máxima", disse Rita Matias.
"E se isso acontecesse?", insistiu a apresentadora.
"Se isso acontecesse, teria que perceber o que é que iria acontecer. Volto a dizer, será que ela tinha condições físicas para ter este bebé? Será que seria capaz ou não? Será que ela me ouviria? Porque aos doze anos as pessoas também já têm as suas próprias ideias", respondeu a parlamentar do Chega.
O tema foi abordado na entrevista devido a declarações de Rita Matias, em 2022, na sequência do caso de uma criança, de 10 anos, que engravidou depois de ter sido violada, nos Estados Unidos. Confrontada com o tema, numa entrevista ao Observador, a deputada conservadora mostrou-se contra o aborto em qualquer circunstância. "Sou pela vida e que lamento que uma nova criança tenha sido impedida de nascer", disse.
"Lamento imenso e acho absolutamente lamentável e condenável que uma criança se veja nessa situação e remete-me para uma esfera do trabalho que temos de ter pela promoção da dignidade humana", acrescentou.
Ontem, na TVI, Rita Matias defendeu que a questão foi tendenciosa e que, na altura, defendeu que não conhecia bem o caso e que não sentia "preparada" para responder.
"Tentaram meter o caso de uma alegada jovem que teria engravidado com 10 anos e quando eu ouço o caso a primeira coisa que digo é: 'não me posso posicionar sobre o caso, não sei se há condições clínicas ou não de levar esta gravidez adiante, não sei se a jovem corre risco ou não, portanto eticamente não me sinto uma pessoa preparada para responder a isto", disse.
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