Em declarações à agência de notícias Europa Press, o docente referiu que "um dos riscos mais evidentes da utilização destas tecnologias nas redações é a perda de veracidade e transparência da informação. A utilização de ferramentas de geração automática de conteúdos, no atual nível de desenvolvimento, garante a existência de erros. E, portanto, esta é uma linha vermelha que os media não se podem dar ao luxo de ultrapassar", salientou.
Ramón Salaverría considera que a IA "não se trata de uma ameaça ou de uma nova rivalidade entre humanos e máquinas, mas sim da construção de um modelo de trabalho complementar que valoriza a prática profissional do jornalismo".
O académico explicou que a transformação tecnológica que as redações estão a sofrer atualmente é "profunda e simultânea", ao mesmo tempo que se começam a desenhar estratégias de empresas jornalísticas para incorporar as novas tecnologias nos processos de produção, bem como a experimentação individual dos próprios jornalistas com ferramentas de IA.
Apesar disso, Salaverría sublinhou que o principal desafio não é a forma como a IA é implementada, mas como o seu papel é interpretado.
"Se o foco que damos à incorporação da tecnologia é apenas na medida em que vai substituir os jornalistas, então, estamos a abordar a transformação de forma errada", afirmou, pelo que a esta ferramenta deve ser entendida como um acelerador de processos, que amplia a análise de dados e liberta os profissionais para tarefas de maior valor.
A rastreabilidade da informação torna-se assim "uma questão critica", porque "os dados podem ser verdadeiros, mas se não soubermos de onde vieram, não os podemos apoiar".
O professor questionou também a falta de transparência de muitos meios de comunicação social na utilização da IA, explicando que tal como uma notícia é atribuída a uma agência também deveria ser indicado se uma ferramenta de IA esteve ou não envolvida na produção noticiosa.
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