Nos últimos tempos têm sido publicados alguns estudos que apontam para a popularidade do ChatGPT como recurso de terapia, um tipo de utilização que o próprio cofundador e CEO da OpenAI, Sam Altman, não aconselha.
Altman marcou presença no podcast This Past Weekend de Theo Von e sublinhou que as conversas com o ChatGPT não têm o mesmo tipo de confidencialidade que se verifica numa sessão entre terapeuta e paciente.
“As pessoas conversam sobre as coisas mais pessoais das suas vidas com o ChatGPT. As pessoas - especialmente os mais novos - usam-no como um terapeuta, um ‘coach’ de vida”, respondeu Sam Altman quando questionado sobre como o ChatGPT funciona no sistema legal atual.
“Neste momento, se falares com um terapeuta, um advogado ou um médico sobre esses problemas, há um privilégio legal para isso. Há confidencialidade entre médico e paciente, confidencialidade legal, o que seja. Ainda não percebemos como fazer isso quando falas com o ChatGPT”, reconheceu Altman.
O líder da OpenAI reconheceu que esta questão pode criar problemas de privacidade para os utilizadores caso a empresa seja processada, notando que hoje em dia será obrigada a entregar essas conversas caso tal seja exigido em tribunal.
“Acho isso muito errado. Penso que devíamos ter o mesmo conceito de privacidade para as tuas conversas com Inteligência Artificial do que temos com um terapeuta”, afirmou Altman.
Suporte profissional e pessoal
De acordo com o relatório 'Os 100 principais usos da IA generativa em 2025', as três utilizações mais relevantes este ano estão dentro da categoria de suporte pessoal e profissional, "sinal de que a inteligência artificial está a deixar de ser vista apenas como uma ferramenta de trabalho".
"A IA generativa tem sido usada como apoio terapêutico e companhia emocional", concluindo que as respostas geradas pelos modelos de IA já são indistinguíveis das escritas por humanos em matéria de intervenção terapêutica.
As ferramentas de IA como o ChatGPT, Claude ou Copilot têm sido usadas como assistentes pessoais, ajudando os utilizadores a refletir sobre os seus hábitos, prioridades e intenção, através de um movimento que vai além da produtividade.
"Determinar e definir os valores de uma pessoa, superar obstáculos e tomar medidas para o auto desenvolvimento, tudo isto agora aparece com frequência no objeto de estudo", lê-se no documento.
"Estes três usos refletem os esforços de autorrealização, marcando uma mudança de aplicações técnicas para aplicações mais emocionais no último ano", concluiu o relatório.
Apesar disso, é ainda realçado que o avanço da IA generativa vem acompanhado de dúvidas e preocupações, por exemplo, na educação de crianças e jovens, pois a facilidade com que os modelos de linguagem conseguem resolver tarefas escolares levanta alertas sobre a formação intelectual e o desenvolvimento cognitivo na era da IA.
O relatório 'Os 100 principais usos da IA generativa em 2025' foi publicado pela Harvard Business Review, tendo como objetivo mapear os usos mais populares da tecnologia.
Em declarações recentes à agência Lusa, o bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, afirmou que as ferramentas de IA não estão habilitadas a fazer diagnósticos, pois faltam "evidência científica robusta, mecanismos de validação rigorosos, e sobretudo, transparência algorítmica que permite aos médicos compreender e confiar nas decisões sugeridas".
[Notícia atualizada às 12:11]
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