Abel Ferreira perdeu, na madrugada de domingo para segunda-feira, as estribeiras com os jornalistas, durante a conferência de imprensa que se seguiu ao triunfo conquistado pelo 'seu' Palmeiras, na deslocação ao Estádio Olímpico Nilton Santos (o famoso Engenhão), sobre o Botafogo, por 0-1, graças a um golo da autoria de Felipe Anderson, antigo jogador do FC Porto.
Tudo começou quando um jornalista perguntou ao treinador português sobre se o facto de o Verdão ter alcançado um acordo com o Al-Sadd (clube do Qatar que exigia ser indemnizado em cinco milhões de euros, alegando que o próprio não cumprira um pré-contrato assinado em 2024) poderia revelar-se determinante para que permaneça no atual clube, até 2027, quando termina o mandato da presidente, Leila Pereira.
"Já estava preparado [para essa pergunta]. No final de 2023, tive, mais uma vez, a possibilidade de sair, em condições extraordinárias. No final de 2023, depois de sermos campeões, contra o Cruzeiro, no Mineirão, eu disse 'Eu fico'. Essa imagem está por todo o lado. Fiquei pelos meus jogadores, por toda a equipa técnica e pelos nossos adeptos", começou por afirmar.
"Fico porque sou um treinador de relações, de projeto. A maior prova de amor não é dizer, todos os dias, 'Eu amo-te', mas sim escolher ficar mesmo quando era mais fácil ir embora, como outros treinadores fizeram, na mesma situação que a minha", acrescentou, em declarações reproduzidas pelo portal brasileiro Globoesporte.
"Vocês não me conhecem"
No entanto, Abel Ferreira não se ficou por aqui, e voltou a 'disparar' quando foi questionado sobre se pretende manter-se ao leme do Palmeiras: "Em relação ao meu contrato, se fico ou não fico, este ano, quem vai decidir é a minha família, mas não é momento para decidirmos o que quer que seja. O importante não foi nem nunca será o Abel. O mais importante será sempre o que for melhor para o Palmeiras".
"Nenhum de vocês me conhece. Nem vocês, nem quem está a comentar, porque, se quisessem, realmente, conhecer-me e saber quem é o Abel, iam perguntar às pessoas que trabalham comigo, não a jornalistas que não gostam do Palmeiras ou do Abel. A pessoas que trabalham comigo, aos meus ex-presidentes, a ex-jogadores, atuais presidentes... É com esses que vocês têm de falar", prosseguiu.
"Vocês não me conhecem, nem eu quero que vocês me conheçam, porque cada um constrói a narrativa que quer. Se quisessem, realmente, conhecer-me, vocês saberiam. Aliás está tudo escrito num livro. Ou será que vocês não gostam de ler? Foi uma forma de agradecer ao futebol brasileiro", rematou, referindo-se à obra 'Cabeça Fria, Coração Quente', publicado após a conquista da segunda Taça Libertadores consecutiva, em 2022.
Até Guardiola foi metido 'ao barulho'
A terminar, Abel Ferreira 'sacou dos galões', dando como exemplo a caminhada do Palmeiras rumo aos quartos de final do Campeonato do Mundo de Clubes, onde acabou por ser eliminado pelo campeão, o Chelsea: "O Guardiola foi disputar o Mundial e foi pior do que o o Palmeiras, mas montaram a narrativa de que fizemos um péssimo Mundial".
"O Palmeiras é um clube muito bem presidido, muito bem dirigido pelo Barros [o diretor desportivo] e com um treinador mais ou menos. Seguramente, há muitos treinadores melhores do que eu, mas acho que não sou tão ruim assim, modéstia à parte", terminou.
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