Segundo Jerome Powell, que explicou, em conferência de imprensa, a decisão da Fed em manter as taxas de juro, "ter um banco central independente é um acordo institucional que tem servido o público bem. E enquanto o fizer deve continuar e ser respeitado", indicou, questionado sobre se a pressão de Trump para que baixe os juros poderia afetar a independência da entidade.
Segundo Powell, esta independência permite "tomar estas decisões desafiantes focadas nos dados, nas perspetivas e no balanço dos riscos, e não em fatores políticos".
"Governos em todo o mundo desenvolvido quiseram colocar uma distância entre o controlo político direto dessas decisões e os decisores", referiu.
Para Powell, caso isso não acontecesse "haveria uma enorme tentação, claro, de usar, por exemplo, taxas de juro para influenciar eleições. Isso é algo que não queremos fazer", rematou.
As taxas de referência do banco central norte-americano permaneceram assim no intervalo de 4,25%-4,5%, numa decisão que não foi unânime, tendo havido dois votos contra.
Powell mantém-se cauteloso sobre a inflação, que se mantém acima da meta de 2% definida pela Fed, tendo ainda expressado algumas dúvidas sobre a evolução do mercado de trabalho, ou seja, os assuntos que são os "dois mandatos" da instituição.
O presidente da Fed disse que já se começa a perceber o impacto das tarifas aplicadas por Trump a vários países, mas alertou: ainda "estamos longe de ver onde as coisas vão estabilizar".
"O que vemos agora é o início do efeito", disse, garantindo que não será "zero" e que "os consumidores, negócios e retalhistas" serão afetados.
No comunicado, publicado depois da reunião do Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC), a Fed disse que "os indicadores recentes sugerem que o crescimento da atividade económica foi moderado no primeiro semestre do ano".
De acordo com a entidade liderada por Jerome Powell, "a taxa de desemprego continua baixa e as condições do mercado de trabalho permanecem sólidas", sendo que a inflação se mantém "ligeiramente elevada".
Para a Fed, a "incerteza sobre as perspetivas económicas continua elevada".
Votaram a favor desta ação de política monetária o presidente Jerome Powell, John C. Williams, vice-presidente, Michael S. Barr, Susan M. Collins, Lisa D. Cook, Austan D. Goolsbee, Philip N. Jefferson, Alberto G. Musalem e Jeffrey R. Schmid.
Votaram contra Michelle W. Bowman e Christopher J. Waller, sendo que estes dois membros preferiram reduzir as taxas. Adriana D. Kugle esteve ausente e não votou, lê-se no comunicado.
O Presidente dos EUA tem vindo a exigir que a Fed reduza as taxas de juro, classificando o presidente da reserva, Jerome Powell, como "perdedor" ou "teimoso".
Trump acusou, na semana passada, Powell de agir contra a economia norte-americana, defendendo um corte de três pontos percentuais nas taxas de juro.
O mandato de Powell à frente da Fed termina em maio de 2026 e este tem vindo a demonstrar vontade de o cumprir integralmente, mesmo após as ameaças de despedimento por parte de Trump.
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