"Não equacionamos que possa haver uma anexação militar, mas também não consideramos que o problema esteja resolvido. Sempre defendi que se deve levar a sério", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Lars Løkke Rasmussen.
O responsável falava à imprensa europeia, incluindo a Lusa, na cidade dinamarquesa de Arhus, durante a viagem para a imprensa europeia da presidência do Conselho da União Europeia (UE) assumida pela Dinamarca entre 01 de julho e 31 de dezembro deste ano.
"Levamos isto muito, muito a sério e, por isso, estamos muito satisfeitos por termos tido esta forte solidariedade europeia", assinalou Lars Løkke Rasmussen, aludindo ao apoio de outros países comunitários em condenar as ameaças norte-americanas de compra ou anexação da Gronelândia, principalmente no início do ano.
"Estamos conscientes de que existem questões relacionadas com a Gronelândia e a Rússia em termos de segurança e também nos comprometemos a cooperar nesta abordagem, mas a questão nunca poderá ser a anexação. Por isso, não tenho a sensação de que o assunto esteja encerrado", adiantou Lars Løkke Rasmussen.
O debate sobre a compra da Gronelândia reacendeu-se com as declarações de Donald Trump, que regressou à Casa Branca em janeiro, incluindo a possibilidade de uso da força.
A Rússia acompanhou de perto o anúncio tratando-o como um evento estratégico no Ártico, uma área que considera importante para os seus interesses nacionais, e, para tal, apostou na desinformação -- principalmente nas redes sociais -- para desacreditar as autoridades locais e criar desconfiança entre os aliados da NATO.
"Não se deve dar a possibilidade de alguém tentar manipular", afirmou ainda o chefe da diplomacia dinamarquesa.
Também falando à imprensa europeia em Arhus na quinta-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, destacou a "importância crescente" do Ártico devido à maior acessibilidade hoje em dia devido às alterações climáticas.
"É altura de nos concentrarmos mais no Ártico", considerou.
Trump disse pela primeira vez que queria comprar a Gronelândia em 2019, durante o primeiro mandato presidencial, e voltou à carga desde que voltou ao poder no início deste ano.
A ilha ártica com dois milhões de quilómetros quadrados (80% dos quais cobertos de gelo) tem uma população de apenas 56 mil habitantes.
Os Estados Unidos mantêm uma base militar no norte da Gronelândia ao abrigo de um amplo acordo de defesa assinado em 1951 entre Copenhaga e Washington.
Além da localização estratégica no Ártico, a Gronelândia possui minerais de terras raras presos sob o gelo, necessários para as telecomunicações, e milhares de milhões de barris de petróleo por explorar.
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