"A ONU completou 80 anos no último dia 26 de junho e presenciamos um colapso sem paralelo do multilateralismo", disse Lula da Silva perante representantes de cerca de 30 países e de uma dezena de organizações internacionais, que se encontram na cidade brasileira do Rio de Janeiro para participar da XVII Cimeira de Chefes de Estado e de Governo dos BRICS.
"Com o multilateralismo sob ataque, nossa autonomia está novamente em xeque", disse, numa referência aos avanços conquistados, como os acordos de clima e comércio, que "estão ameaçados".
"O direito internacional tornou-se letra morta, juntamente com a solução pacífica de controvérsias", numa altura em que o mundo vive com um "número inédito de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial",criticou o chefe de Estado do Brasil, país que a 01 de janeiro ocupou a presidência do grupo de economias emergentes.
Lula da Silva deixou ainda duras críticas ao Conselho de Segurança da ONU que "ultimamente nem sequer é consultado antes do início de ações bélicas" e cujas suas reuniões apenas conduzem a mais "perda de credibilidade e paralisia".
"Para superar a crise de confiança que enfrentamos, é preciso transformar profundamente o Conselho de Segurança", através da inclusão de novos membros permanentes da Ásia, da África e da América Latina e do Caribe, considerou, acrescentando que esta reforma é fundamental para "garantir a própria sobrevivência da ONU".
O chefe de Estado brasileiro ressalvou ainda que em 80 anos de funcionamento da ONU, "nem tudo foi fracasso", referindo-se, como exemplo, aos processos de descolonização e aos "sucesso de missões da ONU em Timor-Leste" que "demonstra que é possível promover a paz e a estabilidade".
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