Do total de vítimas, pelo menos 11 morreram enquanto aguardavam a chegada de camiões com ajuda humanitária perto do posto militar de Zikim, nos arredores da cidade nortenha de Beit Lahia, conforme confirmado pelo hospital Al Shifa.
O hospital Al Awda, por sua vez, também comunicou a morte de outras nove pessoas perto de um ponto de distribuição de alimentos gerido pela controversa Fundação Humanitária para Gaza (GHF, na sigla em inglês) nas proximidades do campo de Nuseirat, na zona de Deir Al Balah (centro).
Já o complexo médico Nasser relatou seis mortos por tiros israelitas perto de outro centro de distribuição da GHF, a sudoeste da cidade de Jan Yunis, no sul.
Na cidade de Gaza, no bairro de Al Remal, um ataque aéreo matou cinco habitantes, entre eles uma mulher e duas crianças, segundo informaram fontes locais à agência espanhola de notícias EFE.
Estas mortes ocorreram poucas horas depois de o exército israelita ter anunciado que, a partir de hoje, implementaria "pausas táticas" na sua atividade militar para permitir a distribuição de ajuda humanitária no enclave palestiniano.
Segundo o exército, as pausas serão aplicadas diariamente, das 10h00 às 20h00 (das 08h00 às 18h00 em Lisboa), em três zonas do enclave: a cidade de Gaza (norte), Deir al Balah (centro) e Al Mawasi (sul), e serão mantidas "até novas ordens".
Além disso, o exército disse que estabeleceria "rotas seguras" entre as 06h00 e as 23h00, hora local (das 04h00 às 21h00 em Lisboa), para permitir a passagem de comboios da ONU e de outras organizações humanitárias que distribuem alimentos e medicamentos à população de Gaza.
O exército ainda não se pronunciou sobre os ataques relatados.
Entretanto, o chefe das operações humanitárias da ONU, Tom Fletcher, saudou a abertura de rotas terrestres seguras para Gaza para os comboios humanitários, afirmando que a organização tentará chegar ao maior número possível de pessoas.
"Anúncio bem-vindo de pausas humanitárias em Gaza para permitir a passagem da nossa ajuda. Estamos em contacto com as nossas equipas no terreno, que farão tudo o que estiver ao seu alcance para chegar ao maior número possível de pessoas famintas", escreveu Fletcher na rede social X.
O Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) da ONU tinha alertado na sexta-feira que as condições em Gaza eram "já catastróficas", estando "a deteriorar-se rapidamente".
"A crise da fome está a agravar-se", alertou, avisando que a fome e a desnutrição aumentam o risco de doenças e que as consequências podem rapidamente "tornar-se mortais".
A OCHA anunciou que as equipas da ONU estão preparadas para intensificar as entregas no território palestiniano "assim que forem autorizadas a fazê-lo".
"Se Israel abrir a fronteira, deixar entrar combustível e equipamento e permitir que as equipas humanitárias operem em segurança, a ONU acelerará a entrega de ajuda alimentar, serviços de saúde, água potável e gestão de resíduos, suprimentos nutricionais e materiais para abrigos", garantiu a instituição.
A OCHA declarou que as restrições impostas pelas autoridades israelitas impediram a capacidade humanitária de responder às necessidades, precisando, por exemplo, que, das 15 tentativas de coordenar as operações humanitárias em Gaza na quinta-feira, quatro foram "categoricamente recusadas" e outras três foram impedidas.
Já uma outra foi adiada e outras duas foram canceladas, pelo que foi apenas permitida a realização de cinco missões.
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